Navio russo continua aprisionado nos gelos da Antárctida
Maior parte dos passageiros será evacuada por helicóptero assim que o tempo o permitir, segundo as autoridades russas. Navio estava ao serviço de uma expedição australiana.
O Akademik Shokalski estava a ser utilizado pela Expedição Australo-Asiática para comemorar a rota seguida há um século pelo explorador australiano Douglas Mawson, que chefiou a primeira grande expedição da Austrália ao continente branco. O navio tinha partido a 28 de Novembro da Nova Zelândia e já estava de regresso, numa zona onde os navios podem geralmente navegar nesta altura do ano, quando a mudança do tempo repentina e os ventos fortes empurraram um banco de gelo grosso para a baía onde o navio se encontrava, a aproximadamente 2500 quilómetros da cidade australiana de Hobart, na Tasmânia. E a cerca de 180 quilómetros da estação francesa Dumont D'Urville, na Terra de Adélia, na Antárctida.
As tentativas de resgate foram feitas por navios quebra-gelos da França (pelo L’Astrobe), da China (pelo Dragão de Neve) e da Austrália (pelo Aurora Australis). Mas as condições meteorológicas goraram as operações. O Aurora Australis ainda conseguiu aproximar-se até dez milhas náuticas (cerca de 16 quilómetros) do Akademik Shokalski, mas teve de desistir. O quebra-gelo australiano, o mais potente dos três enviados para o navio russo, é capaz de partir gelo com 1,60 metros de espessura; o problema é que o Akademik Shokalski está aprisionado por um banco de gelo com três metros de espessura, segundo noticia a agência AFP. O Dragão de Neve ainda se aproximou até aos 11 quilómetros de distância, mas também foi obrigado a navegar para o mar alto, refere a BBC online.
Esta segunda-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia indicou que a maior parte dos passageiros será evacuada do navio por helicóptero assim que as condições meteorológicas o deixarem. “Foi tomada a decisão de evacuar 52 passageiros e quatro membros da tripulação por helicóptero do navio chinês Dragão de Neve, se as condições meteorológicas o permitirem”, disse o ministério, em comunicado, citado pela AFP.
“Temos combustível e comida a bordo para duas semanas”, informou, segundo o jornal espanhol El Mundo, Chris Turney, um dos chefes da expedição, que tem a bordo passageiros de várias nacionalidades, a maioria australianos. “O navio não está em perigo.”
Apareceram entretanto fendas à volta da proa do navio, relatou Chris Turney no Twitter, pelo que o investigador espera que isso os ajude a sair dali. Enquanto esperam, os cientistas continuam os seus trabalhos e os relatos dão conta de um ambiente a bordo descontraído.