Uma semana depois da tragédia do Meco, mais seis pessoas morrem no mar
Embarcação de pesca desportiva naufragou com sete pessoas a bordo na Costa de Caparica. Só há um sobrevivente.
Os corpos foram resgatados à noite e levados para a morgue do hospital Garcia de Orta, tendo sido montado no hospital um posto de apoio aos familiares. As vítimas eram da zona do Barreiro e estariam a fazer pesca desportiva.
O naufrágio da embarcação na noite de sábado junto à Costa de Caparica provocou seis mortos e um ferido. As vítimas tinham entre 40 e 50 anos. O presidente da Câmara do Barreiro, Carlos Humberto, lamentou hoje a morte dos seis homens: "Mais um acidente no mar deixou Carlos Humberto de Carvalho, presidente da Câmara Municipal do Barreiro, consternado e lamentando profundamente o desfecho do naufrágio na Costa de Caparica", refere a autarquia, em comunicado enviado à Lusa.
O único sobrevivente do acidente, Mitchell Almeida, um luso-canadiano de 37 anos, conseguiu nadar até à praia do CDS, junto ao restaurante O Barbas, onde pediu auxílio. Foi internado no hospital Garcia de Orta, com hipotermia, e teve alta na manhã deste domingo.
O subchefe Pacheco Antunes, da Polícia Marítima, disse aos jornalistas que a embarcação de recreio em fibra, de nome Cochicho e registada em Peniche, tinha sete metros de comprimento e apresentava um grande rombo. Acrescentou que as buscas começaram de imediato e que logo de seguida apareceu um corpo na praia. As outras cinco vítimas foram encontradas mais a sul, na praia do Dragão Vermelho. Três foram sujeitas a tentativas de reanimação, mas sem sucesso. Nenhum dos corpos trazia coletes salva-vidas, apesar de existirem na embarcação.
O alerta foi dado às 19h30 pelo sobrevivente, que conseguiu contar que havia outros seis tripulantes e que a embarcação tinha naufragado a cerca de 500 metros da praia, relatou ao PÚBLICO o comandante Armando Ruivo, adjunto do capitão do Porto de Lisboa.
De acordo com a Polícia Marítima, a embarcação tinha partido do cabo Espichel, tinha canas de pesca a bordo e presumivelmente dirigia-se ao porto de Lisboa. Os tripulantes terão tentado fazer a rota mais curta, navegando junto à costa. A Polícia Marítima vai fazer ainda hoje uma peritagem à embarcação, que permanece na Costa de Caparica, para avaliar os danos e tirar mais conclusões sobre o acidente.
A forte agitação marítima, com previsão de ondas para o distrito de Setúbal entre 3,5 e 4,5 metros até à meia-noite de domingo, será a causa mais provável do naufrágio, que acontece uma semana após a morte de seis estudantes que foram arrastados por uma onda no Meco.
Desde 2007, pelo menos 40 pessoas morreram apanhadas por ondas junto à costa portuguesa, a maioria no Outono e Inverno. Especialistas dizem que o mar nessa época é mais perigoso e os portugueses não estão preparados para se protegerem dos riscos da agitação marítima.
De acordo com o comandante Armando Ruivo, a embarcação em causa é de tipo 4 (numa escala de 1 a 5), o que significa que pode navegar até 20 milhas do porto de abrigo (neste caso, o porto de Lisboa) e até 6 milhas da costa. As condições do mar nesta altura, com forte ondulação, obrigam a cuidados redobrados e os pescadores devem navegar longe da costa e usar os coletes de salvação.
Na operação de resgate estiveram envolvidos um helicóptero da Força Aérea, uma corveta da marinha e meios da Polícia Marítima, bombeiros e Protecção Civil.
Notícia actualizada às 13h50 com nome do sobrevivente e reacção do presidente da Câmara Municipal do Barreiro