JP Morgan paga 2000 milhões de dólares em caso relacionado com a fraude Madoff
Não denunciou às autoridades movimentos suspeitos do investidor, que montou um esquema Ponzi.
Bernard Madoff montou um esquema de fraude em pirâmide (Ponzi) que resultou num buraco financeiro de cerca de 20 mil milhões de euros. A justiça norte-americana considerou-o responsável por vários crimes financeiros e condenou-o a uma pena acumulada de 150 anos de prisão.
O JP Morgan era um dos bancos onde Madoff tinha contas que utilizava para passar a impressão aos mercados de que detinha um nível de liquidez muito superior ao que, de facto, possuía. No caso concreto, Madoff aproveitava o final de tarde para fazer transferências entre bancos, a que se seguiam mexidas nas contas logo após a abertura de balcões na manhã seguinte. Isto permitia-lhe passar a ideia de que tinha depósitos num valor que era o dobro do que realmente estava nos cofres dos bancos.
Para as autoridades norte-americanas, o JP Morgan deveria ter comunicado estes movimentos suspeitos às autoridades de supervisão e, há cerca de dois anos, numa entrevista ao Financial Times, Bernard Madoff deixou passar a ideia de que o banco não escaparia a sanções.
Ontem, o Financial Times deu conta do valor da penalização, mais uma para um banco que recentemente aceitou pagar cerca de 12 mil milhões de dólares para pôr termo a um conjunto de acções que corriam nos tribunais dos Estados Unidos. Uma parte substancial deste montante diz respeito a práticas que violam a regulamentação do sistema financeiro e o restante para indemnizar clientes que terão sido defraudados com produtos comercializados pelo JP Morgan.
Provavelmente a contar já com este desfecho do processo Madoff, o presidente do banco, Jamie Dimon, tinha afirmado no início da semana que o JP Morgan pagaria o que ficasse estabelecido, apesar de ter vindo a clamar que as acusações não eram sustentáveis.
“Temos mais que fazer. Nós temos que atirar estes assuntos para detrás das costas, de forma a podermos dedicar-nos ao nosso trabalho. O nosso trabalho é servir os clientes a nível mundial”, afirmou Dimon, numa conferência de imprensa que concedeu esta semana em Nova Iorque.