Banco de Portugal autoriza CTT a prestar serviços bancários

Procura por compra de acções da empresa continua a aumentar.

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Estreia em bolsa dos CTT está prevista para 5 de Dezembro PÚBLICO/Arquivo

“O conselho de administração do Banco de Portugal deliberou, no dia 27 de Novembro, autorizar a constituição do Banco Postal S.A. nos termos do projecto apresentado” pelos CTT no pedido enviado a 5 de Agosto, refere o documento divulgado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Esta autorização está sujeita a um conjunto de condições, como o facto de os pressupostos do pedido apresentado pela empresa se manterem após terminada a operação de venda em curso, já que ficará com novos accionistas. Além disso, o Banco de Portugal faz depender a licença da demonstração de que os novos donos “reúnem as condições que garantam uma gestão sã e prudente” do banco postal, bem como da “actualização das previsões económico-financeiras nomeadamente tendo por base as condições oferecidas nas parcerias a desenvolver”. A instituição liderada por Carlos Costa só dará o aval definitivo ao banco postal se, antes de este iniciar actividade, se verificar que “se encontram satisfeitas as referidas condições”.

Apesar da luz verde do Banco de Portugal, os CTT não ficam obrigados a avançar com a prestação de serviços bancários. Trata-se de uma “opção, que poderá ser desenvolvida ou não e que terá de ser sempre aprovada pelos órgãos sociais competentes” da empresa, refere o prospecto.

Pequenos investidores ávidos pelos correios
A criação do banco postal é um dos maiores atractivos da operação de venda dos correios, que vai concretizar-se através da dispersão de 70% do capital em bolsa. O facto de a autorização ter sido conhecida nesta sexta-feira, quando o período para ordenar a compra de acções só termina na segunda, poderá ter impactos na procura por parte dos investidores.

Tendo em conta os dados divulgados desde segunda-feira, verifica-se que o interesse por parte dos pequenos investidores tem vindo a aumentar. Entre 19 e 25 de Novembro, a procura superou em 8,59 vezes a oferta, já que foram dadas ordens de compra para 135,3 milhões de acções, quando apenas lhes estão destinadas 15,75 milhões (correspondentes a 14% do capital a alienar e a 10,5% do capital total da empresa).

Desde então, o interesse tem vindo sempre a crescer. A 26 de Novembro, data a partir da qual as ordens de compra deixaram de poder ser canceladas, a procura manteve-se estável, ultrapassando em 8,19 vezes a oferta. E, no dia seguinte, o rácio subiu para 8,72 vezes. Na quinta-feira, os resultados do dia apontavam para um aumento considerável, para 9,17 vezes, que correspondia a ordens de 144,5 milhões de acções (uma diferença de 128,8 milhões face ao volume a alienar).

Já do lado dos trabalhadores, aos quais foram destinadas 5,25 milhões de acções representativas de 5% do capital a vender e de 3,5% do total da empresa, a procura tem ficado muito aquém da oferta, apesar de ter sido fixado um desconto de 5% face ao preço. Os primeiros dados, de 25 de Novembro, mostravam que tinham sido dadas ordens de compra para apenas 1260,8 milhões de acções (ou seja, 0,24 vezes a oferta). Na quinta-feira, o rácio cresceu ligeiramente para 0,31 vezes, correspondentes a 1635,3 milhões de acções.

A operação em curso tem como preço médio 4,81 euros, já que o intervalo definido pelo Governo varia entre um mínimo de 4,10 e um máximo de 5,52 euros. Em simultâneo com a operação de venda em bolsa, será alienada uma fatia de 50% dos CTT a grandes investidores, através da colocação dessa parcela em bancos, que serão responsáveis pela sua dispersão no mercado de capitais. Outros 6% dos correios estão sob reserva na Parpública, por motivos de estabilização de preço, mas podem vir igualmente a ser vendidos a investidores institucionais.

A estreia em bolsa da empresa está prevista para 5 de Dezembro. E, tendo em conta o preço médio definido, o encaixe rondará os 500 milhões de euros, dos quais terá de ser descontada a comissão a pagar aos bancos (num máximo de 4,9 milhões). Ainda tendo em conta o preço médio, os CTT foram avaliados em 721,5 milhões de euros.

O Estado manterá, no médio prazo, uma participação de 30% na empresa, estando obrigado a mantê-la até Agosto do próximo ano. O Governo tem a intenção de também alienar essa parcela do capital no futuro.

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