Sindicatos da polícia ponderam novos protestos

Há um sentimento de "revolta" no sector e todas as possibilidades estão em cima da mesa para lutar contra os cortes no Orçamento do Estado 2014.

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O protesto de polícias à porta do Parlamento Reuters

Para a próxima semana está marcada uma reunião da Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança, para fazer um balanço da manifestação desta quinta-feira e da resposta (ou do silêncio) do Governo, afirma o secretário-geral desta comissão, Paulo Rodrigues, acrescentando que ainda não houve qualquer reacção ao protesto.

"Caso não haja resposta do Governo para encontrar soluções que vão ao encontro das nossas expectativas, vamos discutir outras formas de protesto", garantiu, acrescentando que "tudo está em cima da mesa". "Não queremos ser privilegiados, queremos é ser tratados de forma equitativa e não fazer esforços a dobrar", afirmou, referindo-se às razões que levam o sector a protestar.

Durante a manifestação que juntou, segundo a organização, cerca de 12 mil polícias em frente à Assembleia da República (AR), circulou um panfleto propondo "greve às multas". "Foi uma iniciativa de um grupo de polícias que acharam conveniente esta forma de luta", diz Paulo Rodrigues, sublinhando que a ideia não partiu de nenhum sindicato presente na manifestação. "Legalmente não podemos fazer greve às multas, mas cada polícia pode optar por fazer mais pegagogia em vez de passar multas, em situações em que não esteja em causa a segurança pública", explica.

Uma das forças de segurança presentes na manifestação, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, iniciou já um período de greve de quatro dias, que teve início precisamente nesta quinta-feira. Segundo o sindicato, houve 70% de adesão. Os restantes três dias de paralisação, entre sábado e segunda-feira, vão decorrer nos aeroportos, portos marítimos e centros de cooperação policial e aduaneira. A ANA e a TAP recomendam aos passageiros que cumpram "escrupulosamente" os horários para embarque.

"Revolta" levou polícias a subir escadaria da AR
Na quinta-feira à noite os manifestantes conseguiram furar o cordão dos polícias que os impediam de entrar na escadaria da AR e chegaram perto da entrada principal – o que tem sido habitualmente proibido noutras manifestações. Paulo Rodrigues recusa a ideia de que os colegas que estavam a garantir a segurança tenham facilitado o acesso.

"O que aconteceu foi a demonstração de um estado de revolta, que se manifestou de forma efusiva e espontânea", comenta, sublinhando que "não houve violência, feridos ou desacatos" e que "já houve outras manifestações em que subiram escadarias e invadiram ministérios". No entanto, a Lusa testemunhou no local que um manifestante ficou ferido.

"A polícia utilizou o dispositivo adequado e foi flexível para minimizar qualquer prejuízo que pudesse haver", considera o sindicalista.

O porta-voz da PSP, comissário Paulo Flor, disse que a manifestação vai ser analisada como qualquer outra, desde a partida no Largo do Camões até São Bento, onde os manifestantes romperam a barreira policial. "A PSP analisa sempre todas as incidências em termos de briefing de qualquer manifestação do ponto de vista operacional e do ponto de vista factual. Naturalmente que aquela que ontem [quinta-feira] aconteceu não será diferente", garantiu, em declarações à Lusa.

Serão analisadas "todas as incidências, [avaliando] tudo o que se passou, se houve ou não feridos ou se resultaram algumas situações mais tensas entre manifestantes e entre polícias". Paulo Flor sublinha que o facto de a análise ser feita "não quer dizer que haja um processo de inquérito, um processo disciplinar, ou outro processo de qualquer ordem".
 
 

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