“Não fomos competentes para ser primeiros, mas revelámos competência no play-off

Paulo Bento referiu que o objectivo inicial de Portugal no Mundial 2014 é ultrapassar a fase de grupos.

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“Independente do grupo que nos tocar, mesmo que seja muito forte como aconteceu no Euro, será chegar aos oitavos-de-final. A partir daí o objectivo será eliminar as equipas que nos calharem e chegar o mais longe possível”, afirmou na TVI, entrevistado nesta quarta-feira, por Judite Sousa.

Paulo Bento compreende as dúvidas que se levantaram em relação à qualificação de Portugal, porque o caminho “não foi fácil”, mas sublinhou que ele sempre acreditou no apuramento.

“Não fomos competentes para sermos primeiros, mas revelámos essa competência no play-off”, disse o seleccionador português. “Foi um trajecto que não foi fácil, no qual tivemos responsabilidades próprias por não temos conseguido o apuramento directo para o Brasil. Mas depois demos uma resposta boa, demonstrativa do valor e da qualidade destes jogadores, que foram os grandes obreiros da qualificação”.

A selecção nacional entrou bem na fase de apuramento, mas três jogos seguidos sem vencer complicaram as contas. “Começámos com seis pontos em seis possíveis, mas depois tivemos uma derrota na Rússia e dois empates com a Irlanda do Norte e Israel. Houve um hiato de três jogos sem ganhar que comprometeram a qualificação directa, perante um adversário [Rússia] que aproveitou os nossos erros e foi primeiro do grupo com mérito. É natural que se pensasse que poderíamos não estar no Brasil. Mas acreditei sempre. E a crença dos jogadores foi determinante”.

Paulo Bento referiu-se a esta série negativa como “um momento negativo bastante largo”. Nesse período, acrescentou, foi importante Fernando Gomes “pela solidariedade que demonstrou”. “Nos momentos de grande dificuldade, o presidente da federação teve o cuidado de se aproximar da equipa e estar presente”.

Segundo o seleccionador, as exibições menos conseguidas não aconteceram todas pelos mesmos motivos. “Os jogos com Israel foram os que mais nos penalizaram em termos exibicionais. Em Israel, apesar de nos colocarmos cedo em vantagem, não soubemos gerir. Quando acontece com frequência existe um responsável, e o responsável fui eu, porque não consegui corrigir certos erros que vêm de há muito tempo a esta parte”. Mas Paulo Bento elogiou várias vezes a capacidade de resposta da sua equipa aos problemas e aos momentos complicados da qualificação. “Temos mais capacidade para gerir a adversidade do que o sucesso”.

Paulo Bento revelou que o seu contrato tem uma cláusula que permitiria à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) rescindir o vínculo em caso de insucesso na qualificação. “Desde que entrei na FPF o meu contrato tem uma cláusula, e que depois foi mantida com a actual direcção, que diz que a partir do momento que Portugal não tem possibilidade de atingir os seus objectivos [apuramentos para fases finais] a federação tem direito e legitimidade para o rescindir. É o acordo que temos. Mas isso não me preocupou porque sempre acreditei que estaríamos no Brasil e porque em dez anos de carreira nunca me agarrei ao lugar”.

A figura do play-off com a Suécia foi Cristiano Ronaldo, autor dos quatro golos portugueses. O seleccionador sublinhou que a equipa não está dependente do seu talento, mas admite a grande preponderância do avançado e defende por isso ser natural que a selecção actue “em função do que ele vale e joga”. “Estamos a falar de um jogador que tem uma grande influência não só na selecção, mas também no clube em que joga. Não é anormal um jogador desta qualidade ter a influência que ele tem. Dividimos é demasiado as análises em blocos. Quando ganhamos é por causa de Ronaldo, quando perdemos é porque o Ronaldo não tem o mesmo rendimento na selecção do que no clube”.

Bento reconheceu o grande momento de forma do jogador e disse que será “extremamente injusto” se o capitão da selecção não ganhar a Bola de Ouro.

Olhando uns meses para a frente, o seleccionador, que rejeitou o peso do empresário Jorge Mendes na equipa (“Se tem na agenda dele os melhores jogadores. Ronaldo, Moutinho, Alves, Pepe, Coentrão, outro seleccionador não os convocaria?”), elogiou o talento de alguns atletas da selecção sub-21, mas admitiu que o lote de jogadores que estarão no Brasil passará muito pelos componentes habituais. “É difícil dizer que serão estes. Mas deste núcleo muitos irão ao Mundial, parece-me evidente”.
 
 

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