Cientistas estudam a melhor forma de evitar os salpicos na sanita
A melhor forma de dirigir o jacto terá de ser testada por cada um, mas os fabricantes poderão ter um papel importante na criação de sanitas mais higiénicas.
Este laboratório norte-americano, que existe desde 2010, dedica-se ao estudo dos mecanismos físicos do comportamento dos fluídos. Os seus investigadores divertem-se a descobrir os segredos matemáticos que explicam fenómenos físicos ou a desenvolver novas ferramentas para testar modelos, como o de um jacto de urina contra uma parede de cerâmica, como a sanita e o urinol.
Outros estudos desenvolvidos pelo “Laboratório do Salpico” (as aspas estão no original) procuraram perceber quais as condições necessárias para que uma esfera sólida atravessasse uma bola de sabão sem a rebentar ou porque é que uma garrafa de vidro cheia de água se parte quando lhe acertamos com a mão aberta no topo do gargalo.
O estudo sobre a dinâmica da urina será apresentado na reunião anual da Sociedade Americana de Física, que decorre entre 24 e 26 de Novembro, em Pittsburgh, e foi motivado por questões de higiene. “Já todos estivemos em lavabos com poças no chão. Estes locais são um antro de bactérias”, diz à BBC News Tadd Truscott, responsável pelo laboratório. Mesmo quando puxamos o autoclismo, os detergentes usados na limpeza dos sanitários podem aumentar a quantidade de salpicos formados, bombardeando-nos com bactérias.
Uma questão de ângulo
Saber em que direcção se deve apontar o jacto de urina para reduzir a quantidade de salpicos projectados é uma questão de física. Quando mais perpendicular for a incidência do jacto sobre uma superfície, maior a quantidade de salpicos, por isso é melhor evitar urinar directamente no buraco da sanita. Assim, quanto menor o ângulo que se crie com as paredes do vaso sanitário (na medida do possível), melhor será para evitar os espirros.
“Quando colocamos uma bebida gaseificada directamente no fundo do copo, ela vai fazer imensa espuma. Se inclinarmos o copo e fizermos escorrer o líquido pelos lados, não vai espumar tanto”, explica numa entrevista ao jornal The Salt Lake Tribune um dos co-autores do estudo, Randy Hurd, que usa este exemplo para mostrar a influência dos ângulos no comportamento dos líquidos.
Outro mito é que devemos estar o mais longe possível da sanita. Mas a urina, pouco depois de sair da uretra, quebra-se em pequenas gotas. Cada gota originará salpicos, e o efeito será tanto maior quanto maior a queda da gota. “Parece que sentar-se é a única solução viável para evitar os indesejados salpicos nos lavabos tradicionais”, conclui Randy Hurd, à BBC News. Alguns homens podem não aceitar muito bem esta ideia, mas os investigadores garantem que é bem mais higiénica.
Para fazerem as necessárias medições de ângulos, impactos e salpicos, os cientistas não andaram a espreitar as pessoas nas casas-de-banho. Criaram um simulador de micção – o Guia de Navegação do Ângulo da Água – que lançava um jacto de água colorida a uma velocidade e pressão equivalente à da micção humana. Depois, usaram uma câmara de alta velocidade para captar o momento do impacto em vídeo.
Os investigadores admitem que a forma e o material usado nas loiças sanitárias não ajudam a evitar os salpicos e aproveitaram para testar materiais de vários fornecedores, incluindo sanitas com inclinações invulgares ou desenhos de moscas que funcionam como alvo nos urinóis. Agora estão a planear investigar formatos de sanitas ideais para a função a que se destinam.
Tadd Truscott incentiva homens e mulheres a serem criativos para evitarem os salpicos quando utilizam os sanitários. De qualquer forma, assegura que a dica mais eficaz é também a mais simples: basta colocar alguns pedaços de papel no buraco da sanita, para amortecer o impacto do jacto.