O play-off, outra vez
Portugal bateu o Luxemburgo, em Coimbra (3-0), mas falhou o apuramento directo para o Mundial 2014 ao terminar a qualificação em segundo do Grupo F
Contrariando as palavras de Cristiano Ronaldo, Paulo Bento afirmou na antevisão do jogo que o problema português não era “falta de maturidade”, mas sim “falta de intensidade”. E a culpa, disse o seleccionador português, era das “várias alterações ao mesmo tempo” na equipa. Por isso, contra Israel, sem os castigados Fábio Coentrão e Hélder Postiga e os lesionados Bruno Alves e Raul Meireles, Portugal “não jogou bem”. Quatro dias depois, no entanto, o filme repetiu-se. Apesar de o defesa do Real Madrid e o avançado do Valência já estarem disponíveis, Pepe e Cristiano Ronaldo optaram por forçar cartões amarelos nos últimos minutos contra Israel e regressar mais cedo a Madrid. Isto, apesar de o play-off não estar garantido e o primeiro lugar ainda ser uma possibilidade.
Assim, mais uma vez, Paulo Bento mexeu bastante na equipa. Em relação à partida frente aos israelitas, surgiram no “onze” cinco caras novas (Coentrão, Neto, Josué, Varela e Postiga), mas apenas uma alteração foi uma (pequena) surpresa. Após a aposta falhada em Rúben Micael, um jogador em clara baixa de forma, para fazer o papel do lesionado Raul Meireles no meio-campo, o seleccionador nacional ofereceu pela primeira vez a titularidade a Josué. Sem deslumbrar, o médio portista passou com nota positiva no teste.
As habituais contas
A fazer, como é tradição, contas nos finais das fases de qualificações, Portugal estava, depois do empate com Israel, praticamente condenado ao segundo lugar do grupo e ao play-off. Para conseguir o apuramento directo, era necessário que a Rússia perdesse, mas os russos demoraram apenas 16 minutos a ganhar vantagem no Azerbeijão. Para falhar o play-off, o Luxemburgo teria que vencer a selecção nacional e, entre outras conjugações simultâneas de resultados, a Arménia ganhar em Itália. As hipóteses de Paulo Bento e companhia ficarem imediatamente afastados do Brasil eram, por isso, meramente matemáticas.
O jogo, à semelhança de toda a fase de qualificação portuguesa, foi tudo menos estimulante. Perante uma selecção luxemburguesa esforçada, mas débil, os jogadores nacionais tiveram muita posse de bola, criaram várias oportunidades, mas não se livraram de ouvir merecidos assobios na segunda parte. Sempre com João Moutinho no comando das operações, Portugal criou a primeira ocasião de golo aos 9’ (duas boas defesas de Joubert a remates de Nani e Postiga) e, aos 13’, Coentrão acertou de cabeça na barra. O ritmo, porém, era demasiado lento para colocar a defesa luxemburguesa em pânico e, até aos 25 minutos, apenas Nani voltou a estar perto do golo.
A história da partida, no entanto, mudou perto da meia hora, quando Aurélien Joachim viu o cartão vermelho directo por uma entrada dura sobre André Almeida. Em inferioridade numérica, os luxemburgueses perderam a organização e os portugueses desataram o nó: aos 30’, após uma boa diagonal, Varela surgiu na cara de Joubert e fez o 1-0; seis minutos depois, com uma assistência de luxo de Moutinho, Nani fez o segundo. Quebrada a resistência do Luxemburgo e com superioridade numérica, Portugal parecia, finalmente, lançado para uma exibição convicente nesta fase de apuramento. Mas não foi isso que aconteceu. Apesar de ser necessária uma goleada para chegar ao primeiro lugar, caso a Rússia perdesse no Azerbeijão, com os dois golos de vantagem a selecção nacional voltou exibir a sobranceria dos últimos jogos e, na segunda parte, ouviram-se mais assobios do que aplausos no Estádio Cidade de Coimbra.
Sem garra e arte para destabilizar os 10 empenhados luxemburgueses, Portugal apenas conseguiu criar um par de oportunidades nos primeiros 25 minutos do segundo tempo. Já com dois pontas-de-lança em campo (Hugo Almeida entrou aos 58’), a exibição passou de soporífera para ligeiramente enfadonha e, aos 71’, Nani rematou à barra. Pouco depois, Moutinho (sempre ele), assistiu de cabeça Postiga para o 3-0. O golo, no entanto, não chegou para apagar uma exibição demasiado cinzenta e a necessária goleada foi sempre uma miragem em Coimbra.
Dentro de um mês, no decisivo play-off, será o tudo ou nada para Portugal para chegar ao Brasil.