Editoras de Alice Munro com um sorriso na cara

Anúncio do Nobel surpreendeu editores da escritora canadiana na Feira do Livro de Frankfurt.

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Livros de Munro hoje na Feira de Frankfurt Ralph Orlowski/Reuters

Ao início da tarde desta quinta-feira, pouco depois do anúncio do Prémio Nobel da Literatura para a escritora canadiana Alice Munro, jornalistas de televisão, rádio e imprensa escrita corriam para conseguir algumas declarações suas. “Ainda estou emocionada, não sei quando é que o sorriso vai desaparecer da minha cara. Acho que ela é uma escritora extraordinária e estou entusiasmadíssima por causa dos leitores que nunca a leram e que vão agora, por causa do Prémio Nobel, lê-la”, disse Kristin Cochrane ao PÚBLICO.

Tanto ela como Becky Hardie, que edita no Reino Unido a escritora de 82 anos, tinham acabado de receber a notícia e ainda não tinham conseguido falar com a premiada por causa da diferença horária entre a Alemanha e o Canadá. Tal como aconteceu, aliás, ao Comité do Nobel que, pelas informações que desde o anúncio divulgou através da conta oficial de Twitter, esbarrou com o voice mail da escritora sempre que tentou falar com ela.

“É óptimo por causa de o Prémio Nobel ter ido para um género literário nem sempre reconhecido, como o conto, e por causa de ter sido atribuído a uma mulher. Ela é um mestre na arte do conto, não há ninguém como a Alice Munro”, acrescentou a inglesa Becky Hardie aos jornalistas.

As editoras não trouxeram um novo livro de Munro para vender na feira, mas não pareceram muito preocupadas quando foi recordada a intenção da escritora de se retirar. “Temos de falar com ela (risos)”, disseram. “Ela já escreve há muito tempo e é realmente verdade que está a escrever menos e que há a intenção de se retirar. Mas nunca se sabe, os autores estão sempre a falar disso.”

Cochrane e Hardie tinham esperança de que Alice Munro acabasse um dia por receber o Nobel: “Ela aparecia sempre nas listas, mas nunca se sabe. O Nobel é sempre tão difícil de prever… Mas nunca perdemos a esperança.”

Kristin Cochrane  contou ainda que quando se estava a dirigir para o stand e a pensar no que iria dizer aos jornalistas, lembrou-se que no Verão passado Munro recebeu um prémio da Associação de Livreiros Canadianos e que na editora ficaram muito admirados quando a autora aceitou o convite para o jantar. “Foi muito emocionante, porque quando ela se levantou para agradecer o prémio fez um discurso muito curto - como vocês podem imaginar - e disse que queria muito agradecer aos livreiros, porque ela própria tinha sido livreira há muitos anos. Nesta indústria precisamos que as pessoas entrem nas livrarias e o facto de ela ter sido uma livreira é também uma ajuda.”

Enquanto as editoras falavam com os jornalistas, a habitual garrafa de champanhe para se festejar a atribuição do Nobel em Frankfurt  finalmente chegou ao stand. No pavilhão na entrada da Random House, há uma placa com os nomes de todos os autores que o grupo editorial representa e que já receberam prémios, entre eles os Nobel. Agora têm de acrescentar mais um.
 
 

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