Contagem até ao último voto dá triunfo aos socialistas em Coimbra

Manuel Machado regressa à presidência da autarquia, 12 anos depois.

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Manuel Machado (à direita) regressa à Câmara de Coimbra, 12 anos depois Sérgio Azenha

Ser presidente da câmara “é uma função, como bem sabem, que conheço bem”, disse Manuel Machado no quartel-general do PS em Coimbra, no Hotel Astória, junto à sede da candidatura, no Largo da Portagem, no centro. A luta foi tão renhida e os resultados foram conhecidos tão tarde que Machado falou já aos seus apoiantes depois da meia-noite. “Conheço bem a nossa cidade e o concelho. E como os amo profundamente, sei bem a responsabilidade do que tenho de fazer.”

Reconheceu a “exigência cívica e exigência ética” que este mandato lhe exige. “Estou disposto a fazer todo o esforço necessário e tudo quanto em mim caiba para promover Coimbra e a região.” Não deixou de lançar farpas àqueles que, “sem sucesso”, diz terem “tentado minar” a determinação da sua candidatura. “Esses não terão lugar na nossa cidade renovada”, disse, numa indirecta à esquerda, que se recusou durante a campanha a fazer coligações pós-eleitorais.

“Não é um novo mandato. É um mandato novo”, repetiu Machado ao longo de 15 dias de campanha eleitoral. Isto porque é a mesma cara que regressa, pelo PS, à Câmara de Coimbra, 24 anos depois da primeira vitória, em 1989, e 12 anos depois de perder para Carlos Encarnação, em 2001.

Durante toda a noite, em ambas as candidaturas, o mesmo sentimento de entusiasmo e confiança na vitória, mas sem a certeza absoluta de poder anunciá-la. Foi uma noite longa, onde se contou voto a voto, numa eleição disputada taco a taco que deixou os apoiantes agarrados ao telemóvel à espera de resultados parciais que vinham das mesas de voto.

Foi assim há quatro anos, voltou a sê-lo neste domingo. Mas desta vez o PSD atribuiu uma parte da sua derrota ao desgaste de dois anos de governação a nível nacional. O ministro Miguel Poiares Maduro esteve com o candidato da coligação Por Coimbra (PSD/PPM/MPT), João Paulo Barbosa de Melo, na hora da derrota. De camisa às riscas, casaco de malha e calças de ganga, Poiares Maduro, que é do distrito de Coimbra, foi o primeiro a arrancar a longa salva de palmas que recebeu o candidato derrotado, a dez metros do Mondego. Aos jornalistas, Poiares Maduro fez a leitura nacional destas eleições: “Não excluo, nem vou negar, que o facto de termos vindo a aplicar medidas que, nalguns casos, constituem sacrifícios fortes aos portugueses pode ter a sua influência [neste resultado].” Mas afirmou que o Governo não sai fragilizado.

A noite começou em tons de azul no “quartel-general” dos sociais-democratas, mas em poucos minutos o cenário mudou para verde — a cor da candidatura de Manuel Machado. Coincidência, ou não, a luz ambiente do bar onde se reuniram os apoiantes do PSD acabou por ser o melhor barómetro da noite eleitoral em Coimbra, feita de incertezas até ao fim.

O autarca agora cessante prometeu “ganhar forças” nos próximos quatro anos “por amor a Coimbra e por gosto de participar na construção” da cidade, mas não disse se vai, ou não, assumir o cargo de vereador. O primeiro abraço foi para Poiares Maduro, ao seu lado direito. Minutos depois, visivelmente emocionado, um abraço ao pai, o histórico do PSD António Barbosa de Melo, ex-presidente da Assembleia da República.

Na sede do PS, pelas 21h40, galvanizados pelas várias vitórias a nível nacional, ouviu-se um grande aplauso, mas oficialmente ainda estavam apuradas apenas duas de um total de 18 freguesias. Do candidato, nem sinal.

Por volta das 23h, depois de Barbosa de Melo reconhecer a derrota, o líder da distrital do PS de Coimbra, Pedro Coimbra, foi ao hotel Astória afirmar que este tinha sido “o maior resultado eleitoral de sempre” no distrito. “Aos nossos adversários, de 17 câmaras ganhámos 10.” Pedro Coimbra disse ainda que esta vitória se devia à “qualidade dos candidatos do PS, mas também à qualidade dos projectos que apresentámos ao eleitorado”. E para o principal adversário do PS, tanto aqui, como no país, “a derrota foi significativa e é necessário tirar ilações”.
 

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