“Mentira” de Machete leva BE a exigir a sua demissão
Numa carta de 2008, o agora ministro dos Negócios Estrangeiros garantia ao Parlamento não ter qualquer ligação à SLN.
O BE quer Rui Machete fora do Governo. Foi o coordenador do Bloco, João Semedo, quem o exigiu este sábado depois de apresentar uma carta do actual ministro dos Negócios Estrangeiros, com data de 2008, a propósito da Sociedade Lusa de Negócio (SLN), ex-dona do BPN. Nesse documento — enviado à Assembleia da República no âmbito do inquérito ao BPN —, Machete garantia nunca ter sido accionista da SLN.
"Não sou nem nunca fui gestor/administrador do BPN ou membro do seu Conselho Fiscal ou sequer accionista ou depositante da mesma instituição bancária." Foi a 5 de Novembro de 2008, numa missiva remetida ao então líder parlamentar do BE, Luís Fazenda, e com conhecimento das restantes bancadas parlamentares.
Para Semedo, a conclusão é óbvia. “A mentira é sempre condenável. Quem mente não pode governar. E, por isso, nós dizemos que Rui Machete deve demitir-se ou ser demitido, em nome da democracia, da transparência, da decência, do combate à podridão que Rui Machete, na sua tomada de posse, se queixava de estar a ser vítima", acusou.
E garantiu que se o Parlamento não avançar com uma queixa à Procuradoria-Geral da República (PGR), o BE tomará o assunto em mãos: "A Procuradoria-Geral da República é quem lida com estes casos. O Parlamento deve apresentar queixa à PGR. Se o Parlamento não o fizer, nós não deixaremos que o Parlamento deixe de fazê-lo". Existe uma penalização legal para quem mente numa comissão de inquérito parlamentar.
O dirigente bloquista acusou ainda Machete de influenciar negativamente as investigações parlamentares com a sua mentira. "Esta mentira protegeu Rui Machete das perguntas da comissão de inquérito porque, ao esconder o facto de ser accionista, impediu que os deputados o questionassem nesse seu estatuto."
Contactado pelo semanário Expresso, Rui Machete escusou-se a comentar por entender que o assunto estava encerrado e que havia fornecido todas as informações necessárias ao Parlamento quando a Assembleia o havia solicitado.