BE propõe programa nacional de reabilitação urbana com fundos europeus

Programa atingiria 200 mil fogos e levaria à criação de 60 mil postos de trabalho, dizem os bloquistas.

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Catarina Martins não quis comentar Enric-Vives Rubio

“Esse programa permitiria, em colaboração com as autarquias, reconstruir habitação nos centros urbanos degradados da cidade, que faria parte de uma bolsa de habitação para arrendamento, com rendas que estivessem ligadas ao rendimento das famílias, garantindo assim o direito à habitação”, afirmou Catarina Martins.

Falando à margem de uma visita a zonas de habitação degradada na freguesia de Santa Marinha, onde acompanhou o candidato do Bloco à Câmara de Vila Nova de Gaia, a coordenadora do BE disse estar ainda prevista na proposta do Bloco uma linha de crédito bonificado para a requalificação urbana dirigida aos proprietários “que não têm recursos para requalificar” os seus imóveis.

Ao criar uma “bolsa de arrendamento com investimento público, com rendas controladas de acordo com o rendimento das famílias”, o programa “permitiria ainda libertar as famílias e libertar o país do excesso de endividamento”, acrescentou.

Catarina Martins frisou que, “nos últimos anos, Portugal apostou tudo na construção imobiliária e o próprio Estado foi agente directo do endividamento das famílias na compra de casa nova” ao gastar, “na última década, mais de mil milhões de euros por ano em crédito bonificado para ajuda à compra de casas que, depois, prendem as famílias ao endividamento para toda a vida”.

“Neste momento, sobre as famílias do nosso país há uma bomba relógio de 130 mil milhões de euros de dívidas de crédito à habitação”, sustentou.

Com a bolsa de arrendamento defendida pelo BE, o objectivo seria permitir “a quem hoje não tem casa digna, ter casa digna, às famílias que estão sob a chantagem da banca, libertar-se, e ao país criar emprego, já”.

Desafiando “todos os partidos para que a reabilitação urbana seja uma prioridade”, o Bloco defende que esta seja, contudo, “feita em moldes diferentes do que até agora”, abandonando-se o “modelo de negócio que parte da especulação e de retirar as pessoas pobres dos centros históricos para depois as casas serem reabilitadas a preços de luxo”.

“Foi isso que se viu no Porto, mas é isso que se vê também aqui em Gaia. Precisamos de uma reabilitação urbana que dê resposta real ao direito à habitação das pessoas e precisamos de criar emprego, agora, não é daqui a seis anos”, afirmou Catarina Martins.

A este propósito, a coordenadora do BE apontou os “milhares e milhares de trabalhadores que, durante o mês de Agosto, acorreram aos centros de emprego”, afirmando estarem entre eles “os professores que fazem falta nas escola e que não estão colocados, muitas pessoas que trabalham no comércio e serviços e muitas da construção civil”.

“Sabemos também que o desemprego de longa duração aumentou 24%, ao mesmo tempo que o desemprego jovem está acima de 40%. Isto significa que é um país que não está a dar oportunidade a nenhuma geração e está a abandoná-las todas”, concluiu.