Obama e Cameron ameaçam dar “resposta grave” ao uso de armas químicas na Síria
EUA e Reino Unido dizem estar a analisar todas as possibilidades.
Cameron e Obama “reiteraram que o uso significativo de armas químicas mereceria uma resposta grave da comunidade internacional e ambos pediram” aos seus conselheiros que “analisem todas as opções”, diz um comunicado emitido pelo gabinete do primeiro-ministro britânico.
A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras revelou que três hospitais com os quais colabora na Síria receberam quarta-feira, três horas depois dos supostos ataques com armas químicas nos arredores de Damasco, mais de 3600 pessoas com sintomas neurotóxicos, das quais 355 acabaram por morrer.
E o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização não-governamental síria que recolhe informações junto de activistas e médicos no terreno, diz que contabilizou 322 mortos resultantes de gazes tóxicos, “dos quais 54 crianças, 82 mulheres e dezenas de rebeldes, além de 16 corpos não identificados”.
Já com conhecimento destes dados, Obama e Cameron mostraram-se “seriamente preocupados” com “os crescentes sinais de que o regime sírio levou a cabo ataques com armas químicas”.
O Governo britânico exigiu ainda que os peritos da ONU que estão em Damasco possam visitar os locais dos ataques, nos arredores da capital. "O facto de Assad não cooperar com a ONU sugere que o regime tem algo a esconder", diz o mesmo comunicado de Downing Street.
Obama reuniu-se sábado, pela segunda vez em três dias, com a equipa de segurança nacional. “O Presidente Obama pediu ao Departamento de Defesa que prepare alternativas para todas as contingências. Fizemo-lo e estamos preparados para accionar qualquer uma das opções”, disse ainda antes do encontro o secretário de Estado da Defesa, Chuck Hagel, que está de visita à Malásia.
Segundo a BBC, nem Reino Unido nem Estados Unidos estão a considerar a hipótese de enviar tropas para a Síria, mas não é de excluir a hipótese de raides aéreos.
A tensão, entretanto, começa a aumentar. O Irão já avisou os Estados Unidos que sofrerão “duras consequências” se cruzarem “a linha vermelha” na Síria, afirmou o comandante Massoud Jazayeri, adjunto do chefe do Estado Maior das Forças Armadas iranianas.
O regime de Bashar Al-Assad nega que tenha recorrido a agentes químicas e culpa os rebeldes. Ontem, a imprensa oficial acusou os rebeldes de terem usado armas químicas contra soldados durante combates em Jobar, um dos bairros que a oposição diz ter sido atacado na madrugada de quarta-feira e a televisão mostrou imagens do que diz serem os agentes encontrados "num túnel usado por terroristas".