Operador de câmara da Sky News morto a tiro no Cairo
Jornalista trabalhava há 15 anos para a estação de televisão britânica. Estava a cobrir a violência na capital egípcia.
O anúncio da morte de Deane foi feito pela estação de televisão britânica, para a qual trabalhava há 15 anos. Segundo a Sky News, nenhum dos outros elementos da equipa que se encontrava com Deane sofreu ferimentos. As circunstâncias em que ocorreu a morte não são avançadas pela estação.
O operador de câmara é lembrado pelo director da Sky News, John Ryley, como o “melhor” dos profissionais, “um brilhante jornalista e uma inspiração para muitos”. O editor de Internacional da estação, Tim Marshall, lembra “o amigo, corajoso como um leão mas com um coração…” “Que ser humano”, reforçou.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, também reagiu à morte do jornalista com uma mensagem publicada no Twitter. “Estou entristecido ao saber da morte do operador de câmara Mick Deane, que cobria a violência egípcia. Os meus pensamentos estão com a sua família e a equipa da Sky News”.
Também uma jornalista da XPress, uma publicação semanal dos Emirados Árabes Unidos, morreu no Cairo. Habiba Ahmed Abd Elaziz, egípcia de 26 anos, que se encontrava em licença neste momento, é lembrada pelos colegas pela “paixão pelo trabalho”. Segundo a irmã da vítima, quando falou com a Habiba pela última vez, esta estava na praça da mesquita de Rabaa al-Adawiya, um dos palcos da violência.
Haleem Elsharani, um estudante e fotojornalista freelance egípcio, avançou, por sua vez, no Twitter que a repórter fotográfica da Reuters Asmaa Waguih foi atingida numa perna, tendo sido transportada para o centro médico internacional no Cairo. A agência noticiosa ainda não tinha avançado com a informação esta tarde.
O jornalista Mike Giglio, do site The Daily Beast, relata ter sido agredido no acampamento em torno da mesquita Rabaa al-Adaweyah, por policias que lhe exigiram a password para ver o conteúdo do seu computador. Esbofetearam-no até que ele acabou por escrevê-la. Foi detido, juntamente com outros jornalistas e pessoas comuns, e foi levado para um estádio.
A capital egípcia acordou esta quarta-feira com uma operação policial de grande escala, destinada a retirar das ruas os apoiantes do Presidente deposto a 3 de Julho. Há um mês a ocupar duas das principais praças da cidade, os manifestantes foram alvo da carga policial, que incluiu gás lacrimógeneo e disparos.
Os números de mortos que têm estado a ser avançados são díspares. O Ministério da Saúde confirmou a morte de 95 pessoas e o ferimento de mais 870 outras. A Irmandade Muçulmana fala em mais de duas mil vítimas. Um jornalista da AFP relata que contou 124 corpos, muitos com marcas de balas. Os mortos estão a ser reunidos em três morgues improvisadas na praça de Rabaa al-Adawiya.
O Comité de Protecção de Jornalistas estima que perto de 30 jornalistas tenham sido mortos em todo o mundo desde o início do ano, segundo os dados disponíveis até ao mês passado.