Espanha equaciona levar à ONU diferendo com o Reino Unido por causa de Gibraltar

Recorrer às instâncias internacionais para regular a velha questão de soberania significa uma escalada por parte do Governo de Rajoy.

Foto
Entrar e sair de Gibraltar tornou-se uma tarefa muito lenta por causa dos controlos fronteiriços espanhóis Jon Nazca/Reuters

Séculos de fricções por causa de Gibraltar, um território britânico cuja soberania é reclamada por Espanha voltaram a ser reavivados este mês depois das autoridades de Madrid se terem queixado contra a construção de uma barreira artificial marítima, por considerarem que esta se destina a bloquear a passagem e a pesca dos barcos espanhóis. Gibraltar argumenta que os blocos de cimento que já foram lançados ao mar entre o aeroporto do minúsculo território e a fronteira com Espanha servem propósitos de protecção ambiental.

As fontes citadas pelo jornal espanhol não esclarecem se Madrid vai pedir à ONU apoio para exigir que Londres abdique da soberania do território ou que apenas se comprometa com uma série de acordos bi-laterais, mas a verdade é que levar esta questão para as instâncias internacionais marca uma mudança de estratégia por parte de Espanha que arrisca uma escalada de confrontação com o Reino Unido.

O ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Garcia-Margallo, também vai aproveitar uma viagem oficial à Argentina, que está a ocupar um assento rotativo no Conselho de Segurança da ONU, para procurar apoios contra o Reino Unido na questão de Gibraltar, disseram as mesmas fontes ao El País. Recorde-se que a Argentina tem a sua própria disputa com os britânicos por causa das Falklands (Malvinas para os argentinos que reclamam a soberania das ilhas).

Para além do Conselho de Segurança, Espanha também pode levar a questão à assembleia-geral das Nações Unidas ou ao Tribunal Internacional de Justiça.

A resposta imediata de Madrid à “provocação” da barreira de cimento que está a impedir a pesca a muitos barcos espanhois foi reforçar os controlos fronteiriços com Gibraltar, o que provocou filas intermináveis de carros que por vezes levaram sete horas a passar de um território para o outro.

Margallo também anunciou uma bateria de medidas para “mostrar que as políticas contrárias a Espanha têm um preço”, incluindo introduzir uma taxa de 50 euros para viaturas que passem a fronteira ou mudar a lei sobre as empresas de jogo online que operam no território – a par da banca offshore e do turismo, esta é uma das principais fontes de rendimento do território de 30 mil pessoas.

Espanha contesta a soberania do Reino Unido sobre Gibraltar mas, em 2002, 98% dos cidadãos daquele território disseram num referendo que queriam manter-se assim.

Sugerir correcção
Comentar