Passos censura a incerteza introduzida por eleições antecipadas em 2014
À mesma hora que o secretário-geral do PS trocava a Comissão Política por uma reunião com líderes das distritais, o líder do PSD fazia crítica ao cenário colocado por Cavaco Silva.
O cenário de eleições em Junho de 2014 “antecipa incerteza” e isso pode até comprometer o regresso aos mercados, apontou Passos Coelho na intervenção de abertura do Conselho Nacional do PSD desta quinta-feira. O discurso foi excepcionalmente aberto aos jornalistas. A reunião decorre à porta fechada.
“Quando a um ano de eleições se cria incerteza com o que pode resultar de eleições, essa incerteza é antecipada para hoje. Não há coisa mais incerta do que eleições. Se não tivermos cuidado a lidar com esse tópico específico podemos estar a criar condições para que a incerteza acabe por comprometer os esforços de regresso ao mercado com confiança dos investidores", afirmou. Nunca o disse claramente, mas nas entrelinhas está a proposta de Cavaco Silva para a realização de legistativas em 2014 (um ano antes do previsto). Cavaco colocou essa hipótese como uma das condições básicas do acordo de salvação nacional que está a ser negociado por PSD e CDS com o PS.
Sublinhando o empenho do PSD nas negociações de um compromisso "com conteúdo e não de faz de conta", Passos Coelho deixou no entanto um aviso sobre o tempo limite das negociações: “Essa incerteza não pode ter um tempo indeterminado”.
Dirigindo-se aos socialistas que vieram a público opor-se a um acordo entre os três partidos, Passos Coelho quis separar as águas e dizer que o compromisso "não é com o Governo", mas sim com o "país".
O discurso, de perto de uma hora, começou com recados para dentro do partido. Passos Coelho quis afastar "qualquer nuvem ou incerteza" sobre a confiança que o PSD coloca no Governo "para conduzir os destinos do país nesta fase tão delicada”.
Do lado do principal partido da oposição, com a reunião da Comissão Política adiada para sexta devido à continuação das negociações, António José Seguro chamou ao Largo do Rato os presidentes das federações distritais do seu partido, para uma "troca de informações sobre o que se está a passar". No comunicado que anunciava o adiamento da reunião da Comissão Política, a direcção socialista admitia que esta pudesse vir a ter de ser adiada mais uma vez.