Líder da UGT defende que Governo “tem a obrigação” de continuar mas admite eleições
Para Carlos Silva, é tempo de o Presidente da República tirar “as devidas ilações” sobre a situação política.
“O país precisa de soluções, problemas já temos muitos, e o Governo foi eleito, tem de governar”, afirmou Carlos Silva, à margem de uma visita aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo.
Questionado pelos jornalistas, o líder daquela central sindical defendeu que, enquanto parceiro social, a UGT deveria ser convocada pelo Presidente da República, no âmbito das consultas aos partidos políticos que Cavaco Silva começará a fazer na segunda-feira, na sequência da crise no Governo provocada pelas demissões consecutivas dos ministros de Estado Vítor Gaspar e Paulo Portas.
“Se viermos a ser convocados, e acho que o devemos ser, estaremos presentes e não deixaremos de, perante o senhor Presidente da República, dar a nossa posição, que é de plena disponibilidade para o diálogo, para a concertação”, afirmou Carlos Silva, insistindo, contudo, que o actual executivo “está mandato para governar”.
“Tem a obrigação de governar e não pode fazer dos portugueses como se fossemos uma cambada de imbecis que aqui andássemos como se não percebêssemos o que é que está em causa. Todos percebemos o que está em causa”, sublinhou o líder da União Geral de Trabalhadores.
Apelando ao actual momento de “birra interna do Governo”, Carlos Silva disse que este impasse “está a prejudicar gravemente o país e a imagem de Portugal no estrangeiro”.
“Acho que é tempo do senhor Presidente da República tirar daqui as devidas ilações e se entender que não há condições, ao nível dos dois principais partidos da coligação governamental de se manter o Governo, então avance para a convocação de eleições antecipadas”, afirmou.
“Não é drama nenhum, é preferível que a democracia seja aplicada, do que andarmos neste jogo que ninguém entende e que está a prejudicar gravemente o país”, disse ainda. Sublinhou, no entanto, que é o Governo “que tem que se entender” e que as “questões pessoais” no interior do executivo “não podem prejudicar o país”.