Hassan Rohani, um moderado, vence presidenciais no Irão

Obteve 50,6% dos votos, o que significa que não haverá segunda volta. O candidato dos reformistas infligiu uma humilhação aos ayatollahs.

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Hassan Rohani no momento da votação, na sexta-feira em Teerão Yalda Moayeri/Reuters

Em segundo lugar aparece o presidente da câmara de Teerão, Mohammad Ghalibaf (16,5%), seguido de Said Jalili, o candidato "oficial" no sentido que era o favorito do homem que chefia o Estado iraniano, o ayatollah Ali Khamenei

Khamenei apelara aos iranianos para votarem num candidato que represente a continuação da luta contra o inimigo (os Estados Unidos, principal impulsionador das sanções contra o Irão devido ao programa de enriquecimento de urânio que se suspeita estar a ser usado para desenvolver armas nucleares). Também tentou que os ultraconservadores desistissem a favor de Jalili, mas não teve sucesso.

Na sexta-feira, dia das eleições, temendo que a fraca afluência às urnas prejudicasse os candidatos ultraconservadores, Khamenei e as autoridades eleitorais aumentaram três horas à votação.Setenta e dois por cento dos 50 milhões de eleitores participou nas presidenciais (outra surpresa; os analistas externos e internos esperavam uma baixa participação por considerarem que a população não votaria por acreditar que a eleição estava viciada à partida a favor de Jalili).

Os apelos à participação foram repetidos durante a campanha por todos os candidatos. Mas nos bazares e nas ruas, muitos eleitores deixaram escapar o desinteresse pela corrida eleitoral, quer porque os candidatos que sobreviveram ao crivo do regime despertam pouco entusiasmo entre a população, maioritariamente jovem e urbana, quer porque a crise desviou as atenções da eleição - a inflação supera os 30%, a divisa iraniana perdeu perto de 80% do valor, a taxa de desemprego continua a aumentar e a produção de petróleo é a mais baixa em 25 anos.

De acordo com o Conselho dos Guardiães da Revolução, responsável pela fiscalização do escrutínio, não ocorreram ilegalidades (ou pelo menos não houve qualquer denúncia). 

Hassan Rohani, de 64 anos, é um líder religioso moderado (o único líder religioso da corrida, e o único considerado moderado), que concentra o apoio do campo reformista (os candidatos deste campo foram impedidos de se candidatar, só um nome foi aceite e esse desistiu a favor de Rohani). Apresentou-se ao escrutínio com algumas propostas de ruptura com a linha oficial. Promete uma carta de direitos cívicos, uma recuperação da economia através de uma política fiscal correcta, o melhoramento das relações diplomáticas e comerciais com o Ocidente. Bagher Ghalibaf acusou-o de cedência ao Ocidente, e houve mesmo rumores de que a sua candidatura poderia ser reavaliada e o seu nome retiado da lista poucos dias antes da votação, o que não veio a acontecer.


 
 
 
 
 
 

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