Governo recomenda "cautela" a quem viajar para a Turquia
Viagens não são desaconselhadas.
"As indicações que temos são de que a situação continua tensa, particularmente nos grandes centros. Recomendamos a todas as pessoas que se dirijam à Turquia que tenham alguma cautela, que evitem aglomerações e que tenham em consideração a instabilidade de funcionamento dos transportes públicos", disse o secretário de Estado das Comunidades à Lusa.
José Cesário adiantou que não existe até ao momento indicação de problemas envolvendo os portugueses residentes na Turquia e que o Governo não vê, por agora, motivo para desaconselhar as viagens para aquele país, onde a polícia tem usado gás lacrimogéneo e canhões de água para dispersar uma onda de manifestações, que começaram em Istambul e rapidamente alastraram a outras cidades turcas.
O secretário de Estado das Comunidades disse ainda que a embaixada de Portugal na Turquia, situada em Ancara, está "a acompanhar em permanência" a situação em Istambul através de contactos com o cônsul honorário de Portugal naquela cidade.
Confrontado com queixas de alguns portugueses por causa da dificuldade em contactarem aquela representação diplomática, José Cesário admitiu que, por estar em Ancara, existem por vezes dificuldades de contacto com os serviços.
"A embaixada está perfeitamente avisada e permanentemente atenta à evolução da situação. Tem mantido reuniões com responsáveis das embaixadas de outros países, particularmente da União Europeia, para trocarem informações e verem se o nível das recomendações deve ser alterado", disse.
José Cesário disse ainda que na Turquia vivem permanentemente algumas dezenas de portugueses, a que se somam os visitantes que se deslocam a negócios e alguns estudantes de programas de intercâmbio.
Istambul é palco desde há quatro dias de violentos protestos, que no fim de semana se estenderam a dezenas de outras cidades turcas.
Os protestos têm sido marcados por forte repressão policial, nomeadamente com recurso a canhões de água e gases lacrimogéneos, e centenas de pessoas foram feridas. Mais de 1700 manifestantes foram detidos, 500 dos quais em Ancara e 250 em Esmirna.
As manifestações começaram como um protesto contra um projecto imobiliário para um parque no centro de Istambul, o parque Gezi, mas depois da repressão de sexta-feira os manifestantes começaram a contestar o Governo de Erdogan, do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), que acusam de tentar islamizar a sociedade.