Michelle Knight, a primeira vítima do sequestrador de Cleveland, já recebeu alta
A jovem, raptada com 20 anos, saiu do hospital e foi acolhida em casa de outra das reféns de Ariel Castro.
Uma nota do hospital onde esteve a receber tratamento informou que “Michelle Knight teve alta e pediu que a sua privacidade fosse respeitada”. Pouco antes, um comunicado em seu nome agradecia “com profunda gratidão todos os votos e flores” que recebera, e informava que o seu estado de saúde era bom. “Sinto-me bem e animada”, esclarecia.
Knight, que foi raptada em Agosto de 2002, com 20 anos, foi provavelmente a mais abusada das três mulheres mantidas por Castro. Os relatos das outras sobreviventes – sobretudo as informações iniciais de Amanda Berry, cuja fuga deu origem à libertação das reféns e detenção do seu captor – mencionaram pelo menos cinco gravidezes que foram violentamente terminadas por agressões.
A avó, Deborah Knight, disse à CBS News que anos de agressões tinham provocado a perda da audição num dos ouvidos de Michelle, que poderia necessitar de uma cirurgia reconstrutiva no rosto. Essa informação não foi confirmada pelo hospital.
Michelle Knight foi, também, a vítima mais “negligenciada” pelas autoridades norte-americanas durante as investigações aos raptos. A jovem foi dada como desaparecida pela família, que apresentou queixa depois de um dia sem saber de Michelle: nessa altura, corria um profundo desentendimento por causa de um processo de custódia de um bebé, Joey, que acabaria por ser entregue à segurança social.
A criança era fruto de uma violação ocorrida na escola, um ataque de dois rapazes que Michelle denunciou mas nunca chegou a tribunal porque a vítima entretanto desapareceu. Além do abuso sexual, a queixa referia agressões físicas.
Problemas mentais
A queixa de desaparecimento de Knight apresentada pela mãe na polícia de Cleveland faz referência a “problemas mentais”, dizendo que a jovem sofre frequentemente de confusões. Indica também que a sua alcunha era “baixinha”.
Segundo a imprensa americana, o seu desaparecimento acabaria por ser tratado como uma fuga, e nem mesmo quando, dois anos mais tarde, foi reportado o rapto de duas outras raparigas na mesma zona, foi feita uma ligação ao seu processo. Uma diferença no tratamento foi explicada pelo facto de as duas vítimas, Amanda Berry e Gina DeJesus, serem menores de idade.
De acordo com o jornal Cleveland Plain Dealer, o FBI arquivou o seu processo e retirou o seu nome da lista das pessoas desaparecidas 15 meses após a apresentação da queixa – aparentemente porque a família tinha desistido da busca e porque a polícia não conseguiu confirmar com a mãe se havia comunicações com a jovem ou qualquer indicação sobre o seu paradeiro.
A avó admitiu que a família inicialmente pensou que a jovem tinha fugido, e por isso não insistiu com as autoridades para a encontrar. “Não tínhamos 100% de certeza que tivesse sido raptada, pensávamos que podia estar zangada por ter perdido o filho.” Uma prima da jovem, citada no site Daily Beast, reconheceu que “ninguém foi à procura dela quando desapareceu”.
Enquanto permaneceu hospitalizada, Michelle Knight recusou receber a mãe, Barbara. O seu irmão, Freddie, visitou-a no hospital – à CNN, disse que a mãe o tinha posto fora de casa aos 14 anos e que nunca ninguém lhe contara que a irmã estava desaparecida.