Schäuble: Resgate a Chipre deve ser modelo para o futuro
Para Schäuble, ministro das Finanças da Alemanha, a solução encontrada para Chipre deve ser a norma no resgate dos bancos.
Num entrevista divulgada este sábado pelo semanário económico alemão Wirtschaftswoche, Schäuble defende que “a participação dos accionistas, detentores de obrigações subordinadas e, em seguida, dos depositantes não garantidos deve ser a norma quando uma instituição financeira cai numa situação difícil”.
Se isso não acontecesse, argumentou o governante alemão, “os bancos conseguiriam grandes lucros com negócios arriscados, mas em caso de falência as perdas ficariam a cargo de toda a sociedade”. “Isso não pode ser”, acrescentou Schäuble, considerado um dos arquitectos, juntamente com o Fundo Monetário Internacional (FMI), do modelo do resgate cipriota.
Estas declarações do ministro das Finanças da Alemanha são muito idênticas às do presidente do Eurogrupo, o ministro holandês Jeroen Dijsselbloem, que provocaram controvérsia e turbulência nos mercados financeiros poucos dias depois de ter sido fechado o acordo sobre as condições do programa de ajuda financeira a Nicósia. “No essencial, Dijsselbloem foi criticado injustamente. E não pela minha parte”, disse Schäuble a este respeito.
O ministro das Finanças alemão disse ainda sobre o resgate a Chipre que Nicósia não receberá mais dinheiro do que os 10 mil milhões de euros acordados (nove mil milhões de euros do Mecanismo de Estabilidade Europeu e mil milhões do FMI).
Informações recentes apontam que país precisaria de mais do que os 17 mil milhões de euros que compõem o resgate total (os restantes sete mil milhões de euros Chipre terá de conseguir sozinho, com parte considerável a vir de cortes nos depósitos superiores a 100 mil euros dos dois principais bancos do país). A Comissão Europeia (CE) e o Banco Central Europeu (BCE) calcularam que as necessidades financeiras de Chipre até o primeiro trimestre de 2016 ascendem a 23 mil milhões de euros.