Relvas: "Não tenho condições anímicas para continuar"
Ministro diz que a decisão foi tomada há várias semanas em conjunto com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
“Inicio agora uma etapa na minha vida fora da actividade governativa”, disse, embora acrescentando uma frase que parece indicar que não sairá de cena: “Mas continuo a participar e, mais do que tudo, a acreditar na validade e no acerto político do projecto político do dr. Pedro Passos Coelho”.
Lembrando que, a somar aos dois anos em que foi ministro, há outros três em que “lutou” no PSD “pela afirmação de um novo líder”, Miguel Relvas não fecha totalmente a porta a um regresso. “Este é o tempo de decisões pessoais importantes, tanto na minha vida como na vida da minha família. Creio ser o momento certo para fazer uma interrupção e para iniciar uma nova etapa”, afirmou numa declaração em que não respondeu a perguntas dos jornalistas.
Na Presidência do Conselho de Ministros, Relvas não disse claramente qual a razão da sua saída do Governo, afirmando apenas que irá iniciar uma “nova etapa” na sua vida. Deu nota de algumas informações sobre reformas ou programas que tutelou, tais como a fusão de freguesias ou o Impulso Jovem.
A demissão foi confirmada em comunicado pelo gabinete do primeiro-ministro que aceitou o pedido de saída de Miguel Relvas. O PÚBLICO já havia noticiado na quarta-feira que o ministro iria deixar o Governo.
Na nota, Passos Coelho "enaltece a lealdade e a dedicação ao serviço público" com que Relvas "desempenhou as suas funções, bem como o seu valioso contributo para o cumprimento do Programa de Governo numa fase particularmente exigente para o país e para todos os portugueses".
O primeiro-ministro, que já convocou uma reunião do Conselho de Ministro extraordinário para o fim-de-semana e pediu à sua equipa governamental para não se ausentar, vai esta tarde ser recebido por Cavaco Silva, como é habitual, para a reunião semanal das quintas-feiras.
Numa reacção à saída de Relvas, António Capucho, do PSD, considerou "despropositado" que o ministro demissionário "tenha feito um auto-elogio em relação a dossiers que são autênticos desastres".