Caudal do Douro deverá normalizar na zona do Porto mas está a prejudicar turismo na Régua

A subida do nível do rio tem implicado a paragem das embarcações de turismo fluvial, disse à agência Lusa um operador.

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Hoje não há barcos a operar no cais da Folgosa Manuel Roberto/Arquivo

“Neste momento a situação tende a normalizar. A chuva que caiu ontem [domingo], ao fim da tarde, não causou nenhuma preocupação que alterasse o nosso estado de prontidão”, afirmou o oficial adjunto da Capitania do Douro e responsável do Centro de Prevenção de Cheias, Raul Risso, que falava à agência Lusa ao final da manhã desta segunda-feira.

Ainda assim, o responsável admitiu que os níveis das águas do Douro “não estão ainda de acordo com aquilo que se consideram valores normais para o curso do rio”, pelo que as autoridades continuarão “atentas, pelo menos esta semana”. “Vamos estar atentos. Espero que nas próximas 48 a 72 horas o rio volte aos seus valores normais, mas ainda vamos ter chuva que, mesmo que em valores não considerados preocupantes, claro que influenciam”, disse Raul Risso.

De acordo com o responsável do Centro de Prevenção de Cheias, as descargas das várias barragens ao longo do rio Douro, incluindo as espanholas, “têm estado a reduzir, mas ainda são valores que causam alguma preocupação”.

“A barragem de Crestuma ainda está com valores de descarga acima dos 3000 metros cúbicos por segundo, o que não é normal, e as barragens espanholas andam por volta dos 800, 900 metros cúbicos por segundo. Esses valores têm que descer ainda mais para podermos chegar a um nível inferior do rio”, sustentou.

Na zona da Régua, o caudal do Douro - que, na sexta-feira, inundou a plataforma do cais fluvial, bem como os dois estabelecimentos comerciais ali instalados - está ainda acima do normal, “mais um metro e meio”, enquanto no troço entre a barragem de Crestuma e a foz, no Porto, está “com mais cerca de um metro” do que o habitual. “A nossa grande preocupação é a cheia e, se isso não acontecer, estamos confortáveis. Mas temos que estar atentos, porque os solos ainda estão saturados”, concluiu Raul Risso.

Turismo fluvial Afectado

A subida do nível do Douro está a afectar o turismo fluvial e a obrigar à paragem dos barcos que cruzam este rio, disse à agência Lusa um operador turístico. José Silva tem um negócio de aluguer de embarcações instalado na Folgosa e no Pinhão. Nestes dias o empresário tem estado parado e de olhos fixos no rio. “Como navegador do Douro e conhecendo um pouco o rio, acho que é um risco meter turistas dentro do barco, o que ainda ia prejudicar mais o nosso turismo”, afirmou José Silva.

O caudal do Douro subiu cerca de três metros acima do leito normal, tendo atingido o cais fluvial da Régua na sexta-feira, bem como os dois estabelecimentos comerciais ali instalados.

Durante a manhã de hoje, José Silva foi ver como estavam os seus barcos na Folgosa e depois foi até à Régua, juntando-se a muitos outros curiosos, para observar a movimentação do rio. “Com todo o lixo e tudo o que vem pelo rio abaixo, por mais bem preparados que estejam os barcos, é um risco muito grande”, salientou.

O empresário referiu que esperava, por esta altura, já estar a operar no Douro, mas sublinhou que, este ano, o tempo trocou às voltas aos empresários. “Era para estar a trabalhar desde o dia 15 de Março, que é quando reabre praticamente o turismo”, salientou.

Este é, para José Silva, mais um problema a juntar a tantos outros que os empresários do Douro têm que enfrentar, nomeadamente a subida dos impostos e a quebra no número de turistas, que disse ter sentido no ano passado. “Com isto assim, não sei até que ponto é que vamos aguentar. Não sei até onde é que nós vamos”, frisou.

Nuno Almeida, proprietário de uma loja de vinhos localizada na principal avenida da Régua, a João Franco, tem sido um dos muitos observadores atentos do rio Douro. “A situação tem estado um pouco baralhada. O rio sobe e desce. Sexta-feira foi o dia que teve mais alto, mas depois rapidamente desceu”, referiu. Nesta segunda-feira, o rio mantém-se acima do cais fluvial, uma situação que tem sido permanentemente vigiada pela Protecção Civil.