Corte de 2500 milhões em 2014 levará economia à estagnação, calcula o BdP
Supervisor bancário calculou o impacto de cortes de 1,5% do PIB na despesa pública no próximo ano e concluiu que a economia teria um crescimento quase nulo.
Nas previsões apresentadas nesta terça-feira, o supervisor considerou apenas as medidas de política orçamental já aprovadas ou “com elevada probabilidade de aprovação e especificadas com detalhe”.
Neste quadro, ou seja, deixando de fora eventuais novas medidas de austeridade e cortes na despesa no próximo ano, a instituição prevê um cenário de crescimento da economia em 2014, projectando uma subida de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB).
Porém, se o corte na despesa pública a aplicar no próximo ano for equivalente a 1,5% do PIB, cerca de 2500 milhões de euros, isso terá um impacto negativo de 0,8% no PIB. Com isso, as perspectivas de crescimento baixam e, em vez de um crescimento de 1,1%, a economia estaria num cenário próximo da estagnação, progredindo apenas 0,3%.
Para chegar a este cenário, o BdP parte de “hipóteses técnicas” – em que são consideradas medidas adicionais de consolidação orçamental – para simular o impacto das medidas na evolução do PIB. Os técnicos do Banco de Portugal consideraram um cenário em que metade da redução da despesa (correspondente a 1,5% do PIB) vem de cortes nos gastos com pessoal e a outra metade de redução de despesas em prestações sociais, incluindo pensões.
O quadro traçado pelo Banco de Portugal agrava-se ainda mais se as exportações não alcançarem as previsões avançadas – crescimento de 4,3% no próximo ano. Nesse caso, assinala a instituição, cada ponto percentual de desvio corresponde a um impacto de 0,2 pontos percentuais no PIB. Se esse desvio for negativo em 1 ponto percentual, a economia estará a crescer 0,1%, mas a recessão poderá ocorrer se esse desvio for superior.