Líder rebelde da República Democrática do Congo vai ser julgado pelo TPI

Bosco Ntaganda, que na segunda-feira se entregou na embaixada dos EUA no Ruanda, foi levado esta sexta-feira para Haia.

Foto
Bosco Ntaganda, numa foto de 2009 LIONEL HEALING/AFP

A notícia foi divulgada pelo Governo ruandês. A embaixada confirmou que Ntaganda – que terá pedido para ser transferido para o TPI – partiu, acompanhado por responsáveis do tribunal internacional.

Bosco Ntaganda, um dos “senhores da guerra” mais procurados na região dos Grande Lagos, conhecido como “Exterminador”, pela sua actividade ao longo de 15 anos, apresentou-se na embaixada, num gesto ainda por explicar.

Segundo informação da representação, pediu para ser enviado para o TPI. É acusado pelo tribunal internacional de assassínios, violações, pilhagens e recrutamento de crianças para combater, entre Setembro de 2002 e Setembro de 2003.

“A detenção de Bosco não levará a paz ao Leste do Congo, mas é uma vitória na luta contra a impunidade e o desmantelamento de uma das barreiras ao processo de paz no país”, escreveu Jason Stearns, do Rift Valley Institute, citado pela Reuters.

Bosco Ntaganda, ruandês tutsi, nascido em 1973, liderava o M23, um grupo que tem mantido em  permanente instabilidade a província congolesa do Kivu do Norte, na fronteira com o Ruanda. O grupo deve o nome à data – 23 de Março de 2009 – em que foi conseguido um acordo entre o Governo congolês e a antiga milícia do Congresso Nacional de Defesa do Povo.

O M23 lançou em Novembro de 2012 uma ofensiva que o levou a ocupar Goma, principal cidade do Leste da RDC, de onde se retirou mais tarde. É formado por desertores do Exército e principalmente constituído por tutsis, etnia minoritária no país.

O Ruanda, tal como o Uganda, tem sido acusado de ligações e protecção aos rebeldes da  República Democrática do Congo. Em Fevereiro, 11 países africanos, incluindo aqueles dois, assinaram um acordo que pretende abrir caminho para a paz no país.

A República Democrática do Congo faz fronteira com nove países. A região é, há duas décadas, assolada por conflitos que já fizeram cerca de cinco milhões de mortos. 

Sugerir correcção
Comentar