PSD "rejeita irresponsabilidade" da moção de censura do PS

Passos Coelho acusa: "Aqueles que lançaram os dados do infortúnio do país são aqueles que agora nos censuram."

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Rui Gaudêncio

 A reacção dos sociais-democratas surgiu pela voz do seu líder parlamentar, Luís Montenegro, no início do debate quinzenal com o primeiro-ministro, na Assembleia da República. E logo de seguida o próprio primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, destacou a herança socialista, admitindo, no entanto, que "nem tudo pode ter corrido bem". "Nem todas as decisões podem ter sido as adequadas, mas a verdade é que no essencial o Governo aplica um acordo que não negociou". "E aqueles que lançaram os dados do infortúnio do país são aqueles que agora nos censuram."

Na quinta-feira à noite, altura em que se reuniu a comissão política do PS, o líder socialista informou que irá apresentar uma moção de censura, justificando essa iniciativa parlamentar com a situação de "pré-ruptura social". Porém, para o presidente da bancada do PSD, esta iniciativa vem vários anos atrasados. "Teria sido útil em 2009 e 2010, agora está fora do prazo de validade", sustentou Montenegro, acrescentando que a moção "não resolve o grave problema do desemprego e dos desequilíbrios, não ajuda, não é patriótica".

"Em Portugal é tempo de dizermos basta: basta de tanta demagogia, de tacticismo, de políticos que não são capazes de pôr o país à frente dos seus interesses pessoais", apelou o líder parlamentar social-democrata, que antes deixou no ar uma pergunta: o que seria do país, se este executivo tivesse seguido "a receita do PS"?

O nome de José Sócrates também pairou por ali, durante esta intervenção inaugural do debate quinzenal. Os partidos até tinham escolhido como tema do debate as questões económicas, mas o arranque ficou por conta do anúncio socialista da moção de censura. E também por conta do regresso anunciado de José Sócrates ao comentário político na RTP. 

"O tempo não é para precipitações, dizia António José Seguro", na quinta-feira à tarde, recordou Luís Montenegro. À noite, Seguro aprovou, na comissão política do PS, a apresentação de uma moção de censura. "Qual foi a pressa?", questionou Montenegro, fechando com uma resposta: "José Sócrates voltou. António José Seguro censurou."

Mais tarde, António José Seguro aproveitou uma das intervenções para responder directamente a Passos Coelho, rejeitando a tese da herança, bem como as críticas em relação á moção.  "Esta crise não começou com a moção de censura do PS, esta crise já existe devido à sua irresponsabilidade."

Do lado do CDS/PP, o deputado e líder da bancada, Nuno Magalhães, considerou o anúncio socialista uma "precipitação" e questionou o que aconteceria ao país se ela fosse aprovada. Sofreriam o país e os portugueses, após dois anos de esforço, respondeu Magalhães.

BE e PCP votarão a favor
 À esquerda PCP e BE avançaram que irão votar a favor da moção de censura do PS ao Governo.

A coordenadora do Bloco, Catarina Martins, justificou o “sim” do partido com o facto de o Governo e a troika representarem “um redondo falhanço” que conduzirá o país à bancarrota. Mas Catarina Martins não deixou de questionar o facto de o PS não se ter associado à moção de censura apresentada pelo Bloco em Setembro. “O que é que o país ganhou com esta demora? Mais 100 mil desempregados”, respondeu.

"Seis meses e 100 mil desempregados depois, votaremos sim", disse, porém.

Também o secretário-geral do PCP deixou a porta aberta a um voto favorável dos comunistas à iniciativa do PS. Jerónimo de Sousa anunciou que a moção de censura "terá o apoio do PCP", com a justificação de que "há uma alternativa a este rumo de desastre e a primeira necessidade, mas não a última, é a demissão deste Governo". "É tempo de este Governo apressar o seu fim."
 
 

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