Tarantino usa a música "sem coerência", Morricone não quer trabalhar mais com ele
Compositor italiano desvaloriza Django Libertado, filme para o qual compôs
Depois de nos últimos anos Morricone, 84 anos, ter colaborado com Tarantino, embora nem sempre compondo propositadamente para os seus filmes, exclui agora a possibilidade de voltar a trabalhar em novos projectos do realizador, que acusou, na semana passada, de falta de sensibilidade musical. “Não se pode fazer nada com alguém que nos seus filmes usa a música sem coerência”, disse, citado pelo Hollywood Reporter, numa aula sobre música, cinema e televisão na Universidade de Roma.
Quentin Tarantino tem recorrido à música de Morricone para os filmes. Para Kill Bill – A Vingança (Vol. 1 e 2), À Prova de Morte e Sacanas Sem Lei foi ao reportório de Morricone, a quem já tinha pedido música original. Por falta de tempo Morricone não tinha chegado a fazê-lo. Até Django Libertado, que valeu a Tarantino o Óscar de Melhor Argumento Original. Para esse filme, compôs propositadamente Ancora Qui. Além desta música, mais três do compositor integraram a banda sonora da Django Libertado. Filme que Morricone desvaloriza. “Para dizer a verdade, não me disse muito. Demasiado sangue”, acrescentou.
Morricone, que compôs para mais de 500 filmes e séries de televisão, é "o som" do western spaghetti, e muito especialmente da Trilogia dos Dólares de Sergio Leone, para quem compôs também a banda sonora de Aconteceu no Oeste (1968) e Era uma vez na América (1984). Cinema Paraíso (1988), de Giuseppe Tornatore, e antes disso Dias do Paraíso (1978), de Terrence Malick, e Os Intocáveis (1987), de Brian De Palma, estão no seu currículo. Em 2007 recebeu o Óscar de carreira.