Reino Unido compensa trabalhadores do Governo e militares em Chipre por depósitos

Plano de resgate a Chipre inclui imposto extraordinário sobre todos os depósitos, mesmo dos estrangeiros.

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Banco de Chipre é uma das instituições financeiras que será reestruturada, a par do Laiki Yannis Behrakis/Reuters

“Para os que servirem as nossas forças militares, para as pessoas a servirem o nosso Governo em Chipre – porque temos lá bases militares – nós vamos compensar todos os que forem afectados por esta taxa bancária”, garantiu o ministro das Finanças britânico à estação de televisão BBC. O anúncio surge após notícias publicadas nos jornais britânicos dando conta de que cerca de 3500 militares e civis britânicos seriam afectados por esta taxa.

Esta é a primeira vez que é imposta aos depositantes uma participação no resgate de um país na zona euro, com as pessoas que têm o seu dinheiro nos bancos residentes em Chipre a sofrerem um corte no valor dos seus depósitos que pode chegar aos 9,9%, para quem tem mais de 100 mil euros no banco. Os restantes ficaram sem 6,75% do dinheiro que têm depositado nos bancos.

Após uma maratona negocial de dez horas, o Eurogrupo aprovou na madrugada de sábado, em Bruxelas, o resgate ao país, que inclui medidas como um aumento dos impostos sobre as empresas, que pode chegar aos 12,5%, e o imposto extraordinário para todos os depósitos. Ao todo, o país receberá 10.000 milhões de euros das instâncias internacionais, um valor, ainda assim, abaixo do pedido.

No sábado, tanto online como nas poucas sucursais bancárias que estavam abertas, os cipriotas e estrangeiros residentes no país, sobressaltados com a notícia e em pânico, tentaram em vão levantar ou transferir dinheiro – visto que a o valor correspondente à taxa já estava cativo por uma questão de prevenção, até a lei ser aprovada. Os bancos só voltam a abrir na terça-feira, visto que segunda-feira é feriado naquele país.

Segundo a Reuters, estima-se que entre um terço e metade dos depósitos nos bancos cipriotas pertençam a russos e britânicos não-residentes, mas que optaram por ali colocar o dinheiro devido às boas condições que o país oferecia. Aliás, o país tem sido criticado por atrair dinheiro com base em impostos reduzidos, promovendo evasão fiscal.

Este é o quinto programa de assistência financeira na zona euro, depois dos da Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha (neste caso centrado apenas no sector bancário). Apesar de o Produto Interno Bruto de Chipre representar apenas 0,2% da zona euro, o comissário dos Assuntos Económicos e Monetários da União Europeia, Olli Rehn, sublinhou que a falência do país seria “relevante para todo o sistema”.