Por vocação ou desgosto de amor, Francisco soube cedo qual era a sua missão

Jorge Mario Bergoglio só foi ordenado sacerdote aos 32 anos, mas a sua vocação religiosa começou cedo. Ainda criança tomou uma decisão que levou a que terminasse o namoro com uma menina do seu bairro.

Bergoglio durante uma missa em memória das 194 pessoas que morreram num incêndio numa discoteca em 2005
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Bergoglio durante uma missa em memória das 194 pessoas que morreram num incêndio numa discoteca em 2005 Juan Mabromata/AFP
Bergoglio, segundo a contar da esquerda, com a sua família
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Bergoglio, segundo a contar da esquerda, com a sua família Cortesia de Sergio Rubin/AFP
O jovem (à dta.) com colegas de escola
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O jovem (à dta.) com colegas de escola Cortesia de Sergio Rubin/AFP
Foto do sacerdote em 1973
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Foto do sacerdote em 1973 Cortesia de Sergio Rubin/AFP
Bergoglio na sua primeira benção na Praça de São Pedro
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Bergoglio na sua primeira benção na Praça de São Pedro Cortesia de Sergio Rubin/AFP

No dia seguinte à eleição de Bergoglio, de 76 anos, como Papa, surgiu nos jornais argentinos uma das muitas pessoas junto de quem se procura saber mais pormenores sobre quem foi e é Francisco. Em quase todos eles aparece Amalia, uma mulher que diz ter tido como primeiro namorado o agora sumo pontífice.

O amor de infância, condenado à partida por os pais de Amalia não aprovarem a relação, terá chegado ao fim quando inocentemente o jovem Jorge terá pedido a sua namorada em casamento. Recebido um “não” como resposta, Jorge tomou a decisão que iria mudar a sua vida. “Se não me caso contigo, vou tornar-me padre”, terá dito de forma convincente segundo Amalia. Depois deste dia, Jorge ainda terá enviado uma carta a Amalia, a que ela nunca respondeu. “Tinha-me desenhado uma casa, com um telhado vermelho, sob a qual escreveu: ‘Esta é a casa que te vou comprar quando nos casarmos'”, lembra como se fosse hoje.

A veracidade da história só pode ser agora confirmada pelo próprio Jorge, mas é improvável que este venha a comentar o alegado amor de infância. Sergio Rubin, jornalista do jornal argentino Clarín e biógrafo autorizado de Bergoglio, escreve nesta quinta-feira um texto naquele diário onde descreve os primeiros momentos em que o então jovem começou a alimentar a ideia de que a Igreja seria o seu caminho. O jornalista refere uma namorada de Bergoglio, sem a identificar e avançar mais pormenores sobre o relacionamento. Certo, segundo o biógrafo, é que tudo começou num dia de Primavera, num ano não indicado, quando Bergoglio passeava com a namorada.

Durante o passeio, o jovem Jorge decidiu ir até à paróquia de San José de Flores. Queria confessar-se e as palavras que ouviu do padre que o recebeu agitaram-no. Foi a partir desse momento que o caminho religioso passou a ser a sua missão e os passos que iria dar levá-lo-iam até ao dia 13 de Março de 2013, dia em que foi eleito Papa, o primeiro da América do Sul.

O seu objectivo foi mantido em segredo e o único sinal de que Bergoglio estaria mudado foi ter terminado o namoro com a namorada, escreve Rubin.

Ninguém sabia que o jovem, que acabaria por se formar como engenheiro químico, tinha já decidido alimentar aquela que considerava ser a sua vocação. “Fiel ao seu estilo reservado, esperou anos para anunciar a sua decisão à família. O seu pai congratulou-se. A sua mãe, por outro lado, detestou a ideia”, escreve Sergio Rubin. A decisão tardia de entrar para um seminário é explicada pelo jornalista com o desejo de Bergoglio de se “relacionar com o mundo profano antes de abraçar a vida religiosa”.

Durante essa experiência, e enquanto trabalhava num laboratório, foi influenciado pela sua chefe, uma simpatizante dos ideais comunistas que lhe passou o entusiasmo pela política. “É certo que lia a publicação do Partido Comunista, mas nunca o fui”, sublinhou Bergoglio numa entrevista ao seu biógrafo. Houve ainda uma doença pulmonar que o debilitou ao ponto de se recear que não sobrevivesse, chegando a perder um dos pulmões. Este é um dos momentos mais marcantes da vida do Papa. O apoio espiritual que recebeu de uma freira foi o único consolo que o ajudou, isso e uma frase que esta lhe disse e que Bergoglio repetiu a Sergio Rubin: “Com a tua dor estás a imitar Jesus.”

Aos 21 anos, já recuperado, o argentino entra para o seminário de Villa Devoto, sabendo que o fazia sem a aprovação da mãe, que durante os primeiros anos não visitou o filho seminarista. Esse apoio só chegou mais tarde. Em 1969, então com quase 33 anos, foi finalmente ordenado sacerdote e dedicou-se aos estudos teológicos.
 

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