Morte de Chávez: Portas destaca “amigo de Portugal” e homem que marcou a América Latina
Ministro dos Negócios Estrangeiros diz que já escreveu ao vice-presidente da Venezuela a expressar condolências pela morte de Hugo Chávez.
“O Presidente Chávez marcou indiscutivelmente a história recente da Venezuela e da América Latina. Durante os seus mandatos tivemos provas de amizade com Portugal que eu quero neste momento sublinhar”, disse Portas aos jornalistas, na Índia.
“Por um lado, o Presidente Chávez sempre respeitou a comunidade portuguesa na Venezuela, que é muito significativa, por outro, do ponto de vista das relações económicas, elas atingiram um patamar elevado e novo”, disse o chefe da diplomacia portuguesa.
“O Presidente Chavéz foi um amigo de Portugal e, por isso mesmo, eu já escrevi ao vice-presidente Nicolas Maduro e ao meu colega ministro dos Negócios Estrangeiros, expressando as condolências do Governo português”, concluiu.
Passos destaca "dignidade assinalável na forma como enfrentou a doença"
Também o primeiro-ministro, em reacção à morte de Hugo Chávez, manifestou nesta quarta-feira as condolências em nome do Governo português ao povo venezuelano e destacou a sua importância na história do país e nas relações entre Portugal e Venezuela. <_o3a_p>
Numa carta dirigida ao vice-presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro, Passos Coelho manifestou-se ainda convicto de que “a Venezuela saberá, com maturidade e no quadro do normal funcionamento das suas instituições democráticas, tomar as melhores opções para a rápida normalização da vida do país, ultrapassando estes dias de dor com os olhos postos no futuro”. <_o3a_p>
O chefe do Governo português recorda o Presidente venezuelano como “figura de Estado marcante na história do seu País e como destacado protagonista no panorama político contemporâneo da América Latina”, destacando “a dignidade assinalável na forma como enfrentou a doença que o veio a vitimar”. <_o3a_p>
“Assinalo, nesta hora de recolhimento e reflexão, o importante contributo que o Presidente Chávez sempre quis e soube dar para o aprofundamento das expressivas relações entre a Venezuela e Portugal, incrementando o nosso intercâmbio aos mais diversos níveis, e a preocupação patenteada com o bem-estar e o destino da extensa comunidade portuguesa ali radicada que, com trabalho e grande motivação, tão bem se inseriu na sociedade civil venezuelana”, refere ainda o primeiro-ministro.
Estava prevista para este mês de Março a realização de uma visita da Comissão Mista de Acompanhamento Portugal/Venezuela, na capital Caracas.
O Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, morreu nesta terça-feira, aos 58 anos, num hospital militar em Caracas, na sequência de complicações após a quarta operação ao cancro, anunciou o vice-presidente Nicolás Maduro.
“Às 16h25 [20h55 em Lisboa] morreu o Presidente comandante Hugo Chávez. A toda a sua família transmitimos a nossa dor e a nossa solidariedade”, disse Maduro, num depoimento emocionado. Nicolás Maduro, designado pelo próprio Chávez como seu sucessor, mobilizou as Forças Armadas e a polícia para "proteger a paz do povo venezuelano".
Cavaco refere "estreitas relações" entre os dois países
Já o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, na mensagem de condolências que enviou pela morte do seu homólogo da Venezuela, lembrou as “estreitas relações” entre os dois países. <_o3a_p>
Cavaco Silva enviou uma mensagem ao Presidente interino da Venezuela, Diosdado Cabello, divulgada no site da Presidência da República, expressando “sentidas condolências” em seu nome e no do povo português. Na mensagem, o Presidente pede ainda que seja transmitido uma expressão de pesar à família de Hugo Chávez.
Partidos lembram boas relações com portugueses
As reacções dos principais partidos portugueses surgiram logo após o anúncio da morte, ainda nesta terça-feira à noite.
O vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, António Rodrigues, lamentou a morte de Chávez e sublinhou que Portugal teve sempre relações estreitas com as autoridades venezuelanas. No entanto, recordou que o Presidente venezuelano tinha uma “personalidade controversa”, que lhe trouxe “várias dificuldades políticas”.
O deputado do partido do Governo sublinhou ainda que a “extensa comunidade portuguesa” na Venezuela sempre foi “bem tratada”, frisando as boas relações entre os dois países, “independentemente dos governos e dos chefes de Estado”.
Também o PS sublinhou que Hugo Chávez foi amigo de Portugal e “sempre reconheceu” a importância da comunidade portuguesa no país. “O PS lamenta a morte prematura do Presidente da Venezuela e transmitiu as condolências à família, aos apoiantes e ao Governo de Hugo Chávez na pessoa do embaixador do país em Lisboa”, refere um comunicado do partido, citado pela Lusa.
Na nota, o PS espera que este momento de transição na Venezuela possa conduzir a um futuro de estabilidade política, social e económica, manifestando a “solidariedade do povo português” para com os venezuelanos “neste momento difícil”.
Por seu lado, o PCP manifestou “profunda confiança de que o povo venezuelano, honrando a memória de Chávez”, prosseguirá a revolução bolivariana, considerando que o Presidente da Venezuela foi o “artífice da unidade do povo” daquele país e “conseguiu mudar a realidade de grande parte daquela população”.
Ângelo Alves, da comissão política nacional do Partido Comunista Português (PCP), disse à Lusa que foi com “profunda consternação” que o partido recebeu “a notícia do falecimento”, expressando “os sentimentos de profundo pesar ao povo venezuelano”. Ângelo Alves sublinhou a “personalidade muito vincada, muito forte” e a “determinação inabalável” de Chávez.
O Bloco de Esquerda (BE) destacou o papel de Hugo Chávez na luta “contra o imperialismo e contra o FMI”. No entanto, a eurodeputada do BE Alda Sousa alertou para o processo político após a morte do Presidente da Venezuela, que “não parece ser nada claro”.
“Há várias coisas que poderão ser preocupantes, mas que há que ver como é que a situação vai evoluir”, disse Alda Sousa à Lusa. “Também há muitos portugueses que vivem na Venezuela, o que também é um motivo de inquietação, de preocupação, saber qual vai ser o futuro desses portugueses”, acrescentou.