Liga diz que cura funcional de bebé com VIH “é um sinal de esperança”

Liga Portuguesa contra a Sida fala em "esperança" mas recebe notícia com cautela e reforça importância da prevenção.

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Tratar os adultos temporariamente, logo após a infecção, poderá permitir o controlo do VIH pelo sistema imunitário AFP/Instituto Pasteur

Em declarações à Lusa nesta segunda-feira, a propósito do anúncio por médicos norte-americanos da cura de um bebé infetado pelo vírus da sida, a presidente da Liga portuguesa Contra a Sida, Maria Eugénia Saraiva, disse ter recebido a notícia com agrado, mas também advertiu para a necessidade de haver algum cuidado para não criar falsas expetativas nos doentes.

A apresentação do caso foi feita na 20.ª Conferência Anual de Retrovírus e Infecções Oportunistas, em Atlanta, Estados Unidos, e divulgado no domingo. Trata-se do primeiro caso de uma “cura funcional”, de uma criança contaminada à nascença com o VIH, transmitido pela mãe seropositiva, que desconhecia estar infectada durante a gravidez.

Para os virologistas, não se trata da erradicação do vírus, mas sim do seu enfraquecimento, de tal maneira que o sistema imunitário da criança pôde controlá-lo sem antirretrovirais.

“Para nós, associações de doentes e instituições que lutamos há anos para que o vírus seja erradicado, e no ano em que nós completamos 30 anos do primeiro caso de sida em Portugal, todas as notícias que possam indicar um caminho são importantes”, disse a presidente da Liga Portuguesa contra a Sida.

Contudo, para Maria Eugénia Saraiva, tem de haver algum cuidado com estas notícias, pois não se trata de uma cura, mas de um enfraquecimento do vírus. “Estas notícias têm de ser interpretadas clinicamente e psicologicamente na forma como são transmitidas aos doentes e utentes. Temos de ter cuidado com as expectativas que criamos”, salientou a responsável.

Maria Eugénia Saraiva realçou que a notícia é “muito importante”, mas é apenas um dos caminhos que têm sido apontados para uma possível cura, havendo ainda um longo caminho a percorrer. “Temos de perceber que efeitos secundários vai ter esta criança a longo ou médio prazo. Temos de ver como será para um adulto. Acreditamos que estamos a caminhar para uma cura, por isso, vamos aguardar por mais notícias concretas que possamos transmitir aos nossos doentes”, referiu.

Apesar de ser uma boa notícia, Maria Eugénia Saraiva, diz que continua a ser muito importante prevenir o vírus. “Estamos contentes enquanto Liga Portuguesa contra a Sida, mas a prevenção continua a ser o mote”, disse.