“Estamos esmagados – não pelo euro, mas pelo nosso endividamento. Quando os juros atingem 100 mil milhões de euros por ano, isso significa que estamos mortos”. .“ Não há alternativa” à renegociação da dívida, disse o comediante. Grillo comparou as obrigações emitidas pelos Estados com as acções das empresas: “Quando eu compro uma acção de uma sociedade e esta vai à falência, não há nada a fazer. Arrisquei e perdi.”

Para ele, a situação está tão precária em Itália que “daqui a seis meses […] não vai conseguir pagar as reformas e os salários da função pública”. Citando Grillo em discurso indirecto, a revista Focus escreve que o líder do 5 Estrelas quer que a Itália saia do euro e regresse à lira se a situação económica do país não se alterar. Como condições para vir a apoiar um Governo (seja ele qual for), o comediante italiano exige a mudança da lei eleitoral, o corte das despesas dos políticos e um limite de dois mandatos para os parlamentares.

Das eleições do fim-de-semana passado não saiu um claro vencedor. O centro-esquerda de Pier-Luigi Bersani venceu por curta margem, seguido do bloco de direita liderado por Silvio Berlusconi, com Grillo a surgir em terceiro lugar. Este último recusa formar Governo com Bersani, que, por sua vez, recusa uma grande coligação com Berlusconi.

“Se o PD de Bersani e PDL de Berlusconi sugerirem uma mudança imediata da lei eleitoral, do cancelamento dos reembolsos das despesas da campanha eleitoral, e a imposição de um máximo de dois mandatos para todos os deputados – claro que apoiaríamos imediatamente esse Governo”, disse Grillo. “Mas eles não vão fazer isso. Só estão a fazer bluff para ganhar tempo”.

“Queremos destruir o velho sistema, não porque isso nos dá gozo, mas porque o sistema está podre”, rematou o líder do 5 Estrelas.