Economia contrai este ano 1,9% e desemprego sobe para 17,5%

Previsões económicas de Bruxelas agravam cenário de recessão inicialmente previsto pelo Governo e pela própria Comissão Europeia.

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Bruxelas continua a negociar acordos fiscais mais fortes com Suíça, San Marino, Andorra, Mónaco e Liechtenstein. Dominique Faget/AFP

Bruxelas assume sem rodeios que estas projecções – que contrastam com as suas anteriores estimativas e do Governo de um crescimento negativo de 1% este ano e de 1,8% no passado – constituíram uma evolução "inesperada" e mesmo uma "surpresa", que atribui sobretudo ao aumento do desemprego, à queda do consumo interno e à redução das exportações em resultado da deterioração da conjuntura europeia.

Segundo Bruxelas, aliás, o desemprego, que atingiu no ano passado 15,7% da população activa, continuará a aumentar até atingir um "pico" de 17,5% este ano. Esta evolução continuará a pesar sobre o consumo interno, que por sua vez continuará a afectar o crescimento económico pelo menos durante a primeira metade deste ano.

Estes números foram antecipados por Vítor Gaspar que, na quarta-feira no Parlamento, anunciou que na próxima avaliação regular da troika haverá uma revisão das perspectivas económicas. "Neste momento, o meu julgamento provisório aponta para uma revisão em baixa da previsão da actividade económica da ordem de um ponto percentual", revelou Vítor Gaspar, o que corresponde ao aumento da previsão da contracção económica de 1% para 2% em 2013. Desta forma, o ministro das Finanças vem ao encontro das previsões do Banco de Portugal, que já tinha avançado em Janeiro com uma previsão de recessão de 1,9% para este ano.

Apesar disso, a Comissão acredita que a economia portuguesa poderá começar a descolar no segundo semestre de 2013 e conhecer uma  "ligeira" retoma de 0,8% em 2014.

Os riscos negativos que pesam sobre estas previsões são no entanto elevados, de tal forma que Bruxelas admite que poderão voltar a ter de ser revistas em baixa: este será o caso se o agravamento do desemprego e os aumentos de impostos assumidos no quadro do ajustamento orçamental português tiverem um impacto na economia pior do que o previsto.

Outros factores em que a Comissão baseia as perspectivas de retoma da economia portuguesa são a evolução positiva da situação dos mercados financeiros e das trocas comerciais, duas áreas que permanecem "frágeis".

Bruxelas admite aliás implicitamente que, por todas estas razões, o objectivo de um défice orçamental de 2,9% do PIB em 2014 – previsto no programa de ajustamento assumido pelo país junto dos credores internacionais – poderá estar em risco porque depende da confirmação da retoma da actividade como previsto no segundo semestre deste ano, o que permanece rodeado de incerteza.

O cumprimento do défice previsto para 2014 também está dependente da redução "permanente" das despesas públicas no valor de 1,75 pontos percentuais – uma referência às poupanças permanentes de 4 mil milhões de euros nos gastos do Estado que o Governo quer realizar.
 
 

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