PSP identifica manifestantes que cantaram Grândola, Vila Morena a Paulo Macedo

No terceiro protesto com a canção de Abril nesta semana, a polícia identifica manifestantes. Fonte oficial da PSP não sabe, contudo, informar sobre qual o crime em causa.

Fonte oficial da PSP do Porto confirmou ao PÚBLICO que cerca de 10 pessoas que se manifestavam, cantando, foram “identificadas no seguimento da altercação”.

A mesma fonte não conseguiu, contudo, explicar qual a suspeita de crime que estaria em causa imputar aos manifestantes. “Foi elaborada uma informação circunstanciada da ocorrência em forma de relatório. Não se sabe, no entanto, qual é o crime que estariam a cometer e pelo qual foram identificados”, disse a fonte.

De acordo com o Código de Processo Penal, “os órgãos de polícia criminal podem proceder à identificação de qualquer pessoa encontrada em lugar público, aberto ao público ou sujeito a vigilância policial, sempre que sobre ela recaiam fundadas suspeitas da prática de crimes”. A lei estabelece ainda que a polícia deve “comunicar ao suspeito as circunstâncias que fundamentam a obrigação de identificação”.

Grândola, Vila Morena ouviu-se quando Paulo Macedo ia discursar num debate sobre o futuro do Sistema Nacional de Saúde na Aula Magna da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. O grupo exortou ainda algumas palavras de protestos como “Governo para a rua”, “estão a assassinar os portugueses”, “os reformados não têm dinheiro para medicamentos” e “a luta continua”.

Após vários minutos de interrupção, o grupo parou o protesto e Paulo Macedo iniciou o discurso. O ministro fez questão de sublinhar em declarações aos jornalistas que não procedeu a qualquer reforço da segurança, apesar de admitir que essa decisão não seja da sua responsabilidade. “Não tive qualquer reforço de segurança, mas também não sou eu que decido isso”, referiu.

Fonte da Direcção Nacional da PSP recusou adiantar ao PÚBLICO se houve algum reforço da segurança de cada ministro ou o cancelamento das agendas das saídas públicas. “É matéria reservada”, apontou.

O PÚBLICO apurou, contudo, que cada ministro tem neste momento cerca de quatro equipas de segurança com um total de cerca de dez elementos do Corpo de Segurança Pessoal à disposição sempre que se desloca a qualquer evento. “O reforço já ocorreu há um ano e meio. Antes disso, cada membro do Governo tinha apenas duas ou três equipas de agentes”, disse fonte policial.

Foi a terceira vez esta semana que grupos de manifestantes interromperam discursos de membros do Governo em Lisboa e no Porto. Ontem, o ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, foi vaiado e perseguido por dezenas de estudantes universitários numa conferência sobre jornalismo realizada no ISCTE, em Lisboa.

Já na segunda-feira Relvas tinha sido interrompido por um grupo de protesto que entoou a canção de Zeca Afonso num debate sobre o Momento Político, realizado pelo Clube dos Pensadores, em Vila Nova de Gaia.

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