Manifestantes cantam o Grândola, Vila Morena ao ministro da Saúde
Conferência de Paulo Macedo no Porto interrompida por novo protesto. “O senhor está a assassinar os portugueses”, gritou-se.
Os cinco manifestantes entoaram o Grândola, Vila Morena e, dirigindo-se a Paulo Macedo, gritaram palavras de ordem como “O senhor está a assassinar os portugueses” ou “Rua com o Governo”. O ministro tornou-se assim no terceiro governante a ouvir a canção que marcou a Revolução de Abril de 1974 nos últimos tempos, depois do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e do ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas.
“Na urgência do Santo António havia no outro dia 20 médicos para 500 pessoas. O senhor tem em conta o dinheiro e não a saúde”, disseram ainda os manifestantes, alguns afectos ao movimento Que Se Lixe a Troika! Queremos as Nossas Vidas, que tem um protesto nacional marcado para o próximo dia 2 de Março.
O protesto terminou ao fim de poucos minutos e o ministro assistiu a tudo de forma impávida e sem reagir, tendo logo de seguida iniciado a sua intervenção, programada para as 10h30.
À saída, Paulo Macedo garantiu aos jornalistas que não reforçou a sua segurança e, quando alguém lhe perguntou porque não entoou também a Grândola, como fizera Miguel Relvas dois dias antes, o ministro respondeu, sorridente: “Eu não canto.”
Admitiu, calmo, que "as manifestações podem sempre ocorrer”, mas sublinhou que o “importante é não coarctar o evento”. “O que está aqui em discussão é muito mais importante do que a minha presença ou inclusive a manifestação a que assistimos. Eu confesso que gostei mais da tuna [o ministro referia-se à actuação da tuna da Faculdade de Medicina, que abriu o encontro].”
O objectivo da conferência, promovida pelas faculdades de Medicina das universidade do Porto e de Coimbra e pela Escola Nacional de Saúde Pública, é debater temas como o das fontes de financiamento do Serviço Nacional de Saúde, o sistema de saúde português e modelos de pagamento da prestação de cuidados de saúde.
Durante a sua intervenção, Paulo Macedo lembrou que é possível fazer mais e melhor com redução de custos. “Agora precisamos de ver como é que lá chegamos”, notou.
Sobre a tão esperada reforma hospitalar que tarda a ser concretizada Paulo Macedo defendeu, à saída, que têm sido feitas “muitas coisas”, como a criação de unidades locais de saúde e de novos centros hospitalares, mas admitiu que eventuais encerramentos (a reorganização da chamada "carta hospitalar") são medidas estruturais e que devem ser feitas “de forma ponderada”.