Taco de críquete com sangue encontrado na casa de Pistorius

Agente anulou todas as corridas e competições que o atleta tinha na agenda. Na terça-feira, o tribunal de Pretória anuncia se o atleta continua detido ou se aceita libertá-lo sob caução.

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O local do crime, a casa do atleta sul-africano Reuters
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Pistorius chorou, sexta-feira, quando se apresentou em tribunal Reuters

A informação foi avançada no domingo por diferentes jornais da África do Sul, onde o homicídio da modelo, advogada e activista Reeva Steenkamp, abatida a tiro, na quinta-feira da semana passada por Pistorius, continua no topo da actualidade.

O jornal City Press, de Joanesburgo, diz que a polícia encontrou na casa de Pistorius, nos arredores de Pretória, onde ocorreu o crime, um taco de críquete ensanguentado. O críquete é uma das modalidades desportivas mais populares naquele país, a par do râguebi.

O mesmo jornal revela que as autoridades estudam diferentes cenários para explicar a existência do taco ensanguentado: terá sido usado em autodefesa pela própria modelo, morta a tiro por Pistorius, na semana passada; terá sido usado por Pistorius para derrubar a porta da casa de banho por detrás da qual a modelo e namorada do atleta se terá escondido; terá sido usado por Pistorius para a agredir, tendo em conta que o crânio de Reeva Steenkamp apresentava sinais de agressão.

“Havia muito sangue no taco. As análises forenses revelarão a quem pertencia”, disse uma fonte não identificada ao jornal City Press, que identifica esta fonte como sendo alguém muito próximo da investigação.

Competições anuladas
O agente de Pistorius, 26 anos, anulou todas as corridas e competições que o atleta tinha na agenda, depois de este ter sido acusado formalmente, na sexta-feira, pela morte de Reeva Steenkamp. Na próxima terça-feira, o tribunal de Pretória, que tem o caso em mãos, anunciará se o atleta vai continuar detido ou se aceita libertá-lo sob caução.

A polícia tem estado a reconstituir a fatídica madrugada de quinta-feira, 14 de Fevereiro, quando Pistorius abateu a namorada. Informações publicadas pela imprensa indicam que às 1h30 desse dia os vizinhos de Pistorius chamaram a polícia queixando-se do barulho. Às 3h20 são ouvidos tiros e um vizinho telefona para a polícia. Poucos momentos depois, é o atleta quem telefona ao pai, pedindo-lhe que vá a sua casa. Às 3h30, o pai e a irmã chegam a casa do atleta, que diz à família que disparou contra a namorada por engano, julgando que se tratava de um intruso em casa.

A emergência médica, que entretanto chegara ao local, não consegue reanimar a vítima, que acaba por morrer no átrio de entrada da casa.

Segundo o jornal Times de Joanesburgo, Pistorius terá disparado quatro tiros com uma arma de calibre de nove milímetros. Um cartucho de bala foi encontrado no quarto do atleta. As outras três balas foram disparadas contra a porta da casa de banho, onde Reeva se teria escondido. A modelo foi atingida na cabeça, num braço e numa mão.

A polícia rejeitou a tese de que se tratou de um engano e deteve o atleta, que rompeu em lágrimas, na sexta-feira, em pleno tribunal, quando foi formalmente acusado de homicídio.

Tiro acidental em Janeiro
A imprensa tem repassado a vida deste atleta, considerado um herói nacional, depois do choque. Conhecido como "Blade Runner", por correr com duas próteses que se assemelham a lâminas, Pistorius foi o primeiro duplo amputado a competir nos Jogos Olímpicos, um feito conseguido nos Jogos de Londres 2012.

Numa entrevista publicada nesta segunda-feira em Joanesburgo, e citada pela agência AFP, o director do antigo liceu frequentado por Pistorius, em Pretória, Bill Schroder, diz: Devemos questionar-nos que papel teve a pressão incrível que sempre se fez sobre Oscar.”

“Espero que possa haver circunstâncias atenuantes, que tenha sido um acidente e não um homicídio a sangue-frio. Mas nunca mais será como antes. Um ícone caiu”, declarou Schroder.

O mesmo responsável revela que falara com Pistorius dias antes do sucedido, quando lhe telefonou a pedir apoio financeiro para a antiga escola. O atleta, diz o director, terá respondido que faria uma contribuição pequena, visto que tinha acabado de investir numa casa nova em Joanesburgo, mantendo a de Pretória só para ficar durante a semana, porque era ali que se treinava.

O jornal The Star, por seu lado, recupera um episódio de Janeiro, ocorrido num movimentado restaurante de Joanesburgo, em que Oscar Pistorius disparou uma arma quando o local estava apinhado de clientes. O tiro quase acertou no pé de Kevin Lerena, um boxeur e amigo do casal Oscar e Reeva. Kevin Lerena garante, porém, que se tratou de um acidente. “A arma era de outra pessoa, de um amigo de Pistorius. Oscar só queria ver a arma, e disparou sem querer. Pediu-me desculpas durante dias”, disse Lerena ao jornal Beeld.
 

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