Joana Vasconcelos transforma cacilheiro em pavilhão de Portugal em Veneza
Financiamento estatal não chega para garantir programação, e a artista está à procura de apoios privados. O Trafaria Praia parte para Veneza no início de Maio
O Trafaria Praia, já desactivado e que está a sofrer obras de adaptação, será revestido a azulejos que mostram Lisboa vista a partir do rio – uma ideia inspirada pelo Grande Panorama de Lisboa que se encontra no Museu do Azulejo e apresenta a cidade, a partir dessa mesma perspectiva, antes do terramoto de 1755.
No interior terá uma instalação têxtil com a qual Joana Vasconcelos pretende criar um “ambiente uterino”. E na parte de cima haverá um palco onde a artista e o comissário do projecto, Miguel Amado, pretendem apresentar uma programação de música, debates e conferências com artistas convidados.
Na presença dos secretários de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, dos Transportes, Sérgio Monteiro, e do director-geral das Artes, Samuel Rego, a artista escolhida para representar Portugal, explicou que o financiamento para a transformação da embarcação e para a viagem até Veneza está garantido – do Estado virão 175 mil euros; e há já alguns apoios de privados.
Mas continua a trabalhar para conseguir outros, embora não queira ainda avançar um custo final (“obviamente ultrapassa os 300 mil euros”, disse, quando questionada sobre este valor). A ida está garantida, afirmou a artista. O Trafaria Praia, que será transportado por um cargueiro, deverá deixar Lisboa no início de Maio para chegar a Veneza no final desse mês e inaugurar no dia 31.
O cacilheiro permitirá cumprir aquele que era há muito um desejo de Portugal: ter um pavilhão junto aos Giardini, a zona nobre da Bienal de Veneza. O Trafaria Praia irá navegar (com 75 passageiros por viagem) por três percursos diferentes, o principal entre os Giardini e a Punta della Dogana, e outros dois alternativos, um dos quais até ao Lido, a ilha onde se realiza, a partir de final de Agosto, o Festival de Cinema de Veneza.