Jerónimo acusa Governo de fazer “terrorismo social” com corte de quatro mil milhões

Líder comunista fez duras críticas ao Executivo e disse que o acordo alcançado em Bruxelas deixa claro que os países ricos “estão-se marimbando para a coesão económica e social”.

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Líder comunista voltou a defender uma “alternativa patriótica e de esquerda” para o país Nuno Ferreira Santos

“É um autêntico programa de terrorismo social, um programa que, a ser concretizado, fará de 2014 mais um ano de recessão profunda e ainda mais severo para os trabalhadores e para o povo”, disse o líder comunista, depois de fazer duras críticas aos cortes propostos pelo Governo PSD/CDS.<_o3a_p>

Para Jerónimo de Sousa, que falava a centenas de apoiantes num almoço na Gâmbia, concelho de Setúbal, trata-se de mais um “ataque brutal aos trabalhadores da administração pública, com cortes nos salários e dezenas de milhares de despedimentos, novos ataques à educação, aos seus profissionais e aos alunos, com novos aumentos das propinas”.<_o3a_p>

“É um programa brutal e cortes de quatro mil milhões de euros nas funções sociais do Estado, um novo e brutal ataque aos direitos dos trabalhadores, destruição dos direitos socais essenciais à vida do povo e um colossal saque aos recursos e à riqueza nacional”, acrescentou.<_o3a_p>

O corte de quatro mil milhões de euros das despesas do Estado significa também um “ataque ao SNS (Serviço Nacional de Saúde) e ao direito à saúde com novos aumentos das taxas moderadoras, redução do leque de cuidados de saúde e corte nos medicamentos, novas reduções nas pensões, no subsídio de desemprego e nas prestações sociais”, disse.

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Jerónimo acusou também António José Seguro de concordar com os cortes propostos pelo Governo, desde que seja feito em “doses repartidas”. “Seguro está de acordo com alguns ministros que não querem tudo de uma assentada, mas que querem em doses repartidas essa refundação do Estado, esse saque de quatro mil milhões de euros”, disse.<_o3a_p>

António José Seguro afirmou hoje, em Bragança, que “há ministros que estão de acordo com as posições do PS”, o que motivou as críticas de Jerónimo. “Afinal, [Seguro] alinha com aqueles ministros que dizem: não tudo de uma vez, não tudo de uma virada, mas às doses, antes que se mate o doente”, disse.

Orçamento comunitário “esmagado”
Ainda em Setúbal, o secretário-geral do PCP acusou os líderes europeus de terem “esmagado” o orçamento comunitário em vez de o utilizarem para corrigir as divergências provocadas pela concorrência no mercado único.

“Os maiores beneficiários do mercado único e das políticas comuns, os mal chamados contribuintes líquidos e impositores da política de austeridade, acabam de alcançar, no Conselho Europeu, um acordo que esmaga o orçamento da União Europeia (UE), um instrumento que, embora de forma limitada, poderia minimizar os efeitos da divergência criada pela livre concorrência do mercado único”, disse Jerónimo de Sousa.

O líder comunista, que falava a centenas de pessoas num almoço na freguesia da Gâmbia, concelho de Setúbal, em defesa de uma “alternativa patriótica e de esquerda” na governação do país, recordou a defesa das políticas de integração europeia por parte de anteriores governantes como Mário Soares, Cavaco Silva, António Guterres e Durão Barroso.<_o3a_p>

“Quantas vezes eles não diziam que esta Europa era importante porque era a Europa da coesão económica e social, de Estados iguais em direitos, como se alguns países, os mais poderosos, pudessem ser considerados filantrópicos, pudessem ser amigos do amigo”, disse Jerónimo de Sousa.<_o3a_p>

“Eles [países poderosos], que se dizem contribuintes líquidos, estão interessados é nos seus interesses particulares e estão-se marimbando para a coesão económica e social. Estão a levar o país à situação em que nos encontramos”, acrescentou.<_o3a_p>

Para o comunista, Portugal é que se tornou um contribuinte líquido da UE quando permitiu a destruição de diversos sectores produtivos. “Quando se destruiu a indústria naval, quando se destruiu a siderurgia nacional, quando se destruiu a metalomecânica pesada, quando se mandou abater as nossas pescas, quando se subsidiou para não produzir, estávamos a pagar com língua de palmo”, disse. “E hoje vem a factura porque eles tinham consciência de que precisavam que fossemos apenas um mercado de consumo e não um país com capacidade de produzir”.<_o3a_p>

O orçamento comunitário aprovado pelos líderes europeus deixa claro, para Jerónimo, que os países ricos “não são nada filantrópicos” e que “o directório de potências determina que os mais pequenos hão-de pagar mais, hão de sacrificar-se mais, para servir os eus interesses”. “Esta é a lição principal deste orçamento comunitário, que num quadro tão difícil, em que se justificava aumentar as verbas, aqui está o resultado, designadamente para a política agrícola comum: vão vir menos 500 milhões de euros”, concluiu.<_o3a_p>