Sindicatos acusam CP de desinvestimento na Linha de Cascais
Descarrilamento de dois comboios em Caxias e Algés não provocou feridos.
Dois comboios descarrilaram esta manhã junto à entrada das estações de Algés e de Caxias no sentido Cascais/Lisboa, sem causar vítimas.
A circulação entre Oeiras e Cascais e entre Algés e Cais do Sodré foi retomada e a CP já anunciou a abertura de um inquérito ao acidente. Entre Algés e Oeiras, os passageiros estão a fazer o transbordo por via rodoviária garantida pela empresa.
“Sem querer adiantar as causas dos descarrilamentos hoje na linha de Cascais, para nós (Federação) há uma que está patente que é o desinvestimento naquela linha e que as organizações de trabalhadores há muito vêm chamando a atenção para situações como estas ou piores”, disse à Lusa José Manuel Oliveira, da Fectrans.
De acordo com José António Oliveira, não tem havido investimento nas infra-estruturas nem no material circulante, que terá cerca de 50 anos, devido à contenção de custos por parte da CP.
“O material é muito antigo e, apesar de terem a cara lavada, as carruagens já esgotaram a sua vida útil de funcionamento, aliás, isso é reconhecido pelos anteriores presidentes da CP”, disse o mesmo responsável, salientando que a linha de Cascais “é uma das mais dramáticas” do país.
José Manuel Oliveira disse que a linha “está saturada do ponto de vista da idade” e que, por isso, devem ser tomadas medidas concretas e urgentes.
“Pelo respeito que as pessoas merecem é preciso tomar medidas e não andar a remediar um problema que não tem solução e que a cada dia que passa podemos vir a ser confrontados com novos problemas”, frisou.
O responsável adiantou que a Fectrans já tinha denunciado o problema mais do que uma vez e, por isso, considerou que “está na hora de pedir responsabilidades”.
José Manuel Oliveira espera que, ao contrário do inquérito ao acidente de Alfarelos - no final de Janeiro, que causou 14 feridos - e que “parece estar no segredo dos deuses”, o da linha de Cascais seja esclarecido.
No entender do sindicalista, a vida dos passageiros e dos trabalhadores ainda não foi posta em causa devido à “competência dos profissionais, quer da manutenção do material, quer dos operacionais que transportam as pessoas e que minimizam eventuais efeitos”.
José Manuel Oliveira defendeu ainda que à frente da CP deveriam estar profissionais que, de facto, percebam de caminhos-de-ferro.
“Achamos também que têm de ser reflectidos os paradigmas de manutenção dos últimos anos, com o objectivo de reduzir custos no material e fazer uma reflexão. Há dois dias, a CP anunciava e valorizava os resultados operacionais positivos da empresa. O saldo positivo não nos interessa se depois tivermos uma empresa com menor qualidade de transporte e segurança”, concluiu.