Polícia prende três suspeitos por incêndio em discoteca onde morreram mais de 230 pessoas
Falta de saídas de emergência e tentativa de impedir que clientes abandonassem recinto antes de pagarem terá agravado a tragédia. Foi o incêndio que mais mortes provocou no Brasil desde 1961.
O Estado de São Paulo escreveu que a maioria das vítimas não foi atingida pelas chamas, pois 90% morreram asfixiadas.
A promotora criminal de Santa Maria, Waleska Flores Agostini, tinha já dito que estava a analisar o caso desde domingo à tarde, pondo a hipótese de prisão do dono da discoteca. Um dos proprietários da discoteca Kiss terá confirmado à polícia que o Plano de Prevenção de Combate de Incêndios estava caducado, adiantou o jornal Zero Hora.
Um dos responsáveis pela investigação, Sandro Meinerz, disse ao Estado de São Paulo que os membros da banda podem ser indiciados por homicídio culposo – quando não há intenção de matar. O mesmo jornal adianta que uma das vítimas será um dos elementos da banda que actuava no recinto.
É que uma das hipóteses avançadas como possível causa do incêndio, que começou entre as 2h e as 3h de domingo, é o lançamento de fagulhas por um engenho pirotécnico usado por um dos elementos da banda Gurizada Fandangueira, que actuava no recinto fechado – onde o uso desse género de dispositivos é proibido. O fogo terá sido provocado pelas fagulhas e começado na espuma de isolamento acústico do estabelecimento, no tecto.
“Teve gente que morreu a um metro da saída”, contou ao Zero Hora um dos sobreviventes, Eduardo Buriol, 22 anos. Segundo o estudante, a saída estava obstruída por uma mesa. Outros testemunhos indicam que as portas não estavam totalmente abertas, o que terá feito aumentar o número de mortos.
A tragédia terá sido, segundo o Estado de São Paulo, o resultado de uma série de erros: da falta de saídas de emergência e de sinalização à tentativa de seguranças para impedirem a saída de clientes antes de pagarem a conta.
O incêndio na discoteca da cidade universitária de Santa Maria que causou também cerca de uma centena de feridos – 127 segundo os números mais recentes, dezenas em estado grave –, é, segundo a imprensa brasileira, o incêndio mais mortal desde 1961, quando 503 pessoas morrerem num circo em Niterói, no Rio de Janeiro.
Ao todo, refere o jornal Folha de São Paulo, 82 pessoas continuam internadas em hospitais em Santa Maria e outras 39 foram transferidas para Porto Alegre. Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, 20% dos feridos tiveram queimaduras consideradas graves, que correspondem a mais de 30% do corpo. A maioria sofreu intoxicação respiratória.