Navio Gil Eannes volta à “casa mãe”, os Estaleiros Navais de Viana, para ser restaurado

Obras preparam navio para instalação de Centro do Mar. Pousada no interior do barco vai reabrir.

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O Gil Eannes foi construído para ser o navio-hospital da frota bacalhoeira portuguesa Paulo Ricca

Segundo o presidente da Fundação Gil Eannes e autarca de Viana do Castelo, José Maria Costa, trata-se da primeira fase de uma intervenção estimada em 750 mil euros com vista à instalação do futuro Centro de Mar de Viana do Castelo. Na doca seca dos ENVC, a construção número 13 da empresa actualmente em processo de reprivatização irá ser sujeita a trabalhos de pintura e recuperação dos cascos. A intervenção que deverá prolongar-se durante cerca de três semanas está prevista para a segunda quinzena de Fevereiro num investimento estimado em 75 mil euros.

De acordo com o presidente da Fundação, proprietária do navio que se encontra em exposição pública desde o dia 19 de Agosto de 1998, depois de transformado em museu, já visitado por mais de 605 mil pessoas, a intervenção global do navio, só deverá estar concluída em 2014.

A intervenção global prevê, segundo José Maria Costa, a recuperação de “partes do navio que ainda não tinha sido recuperadas e renovar as que já se encontram recuperadas mas que apresentam agora alguma degradação fruto do tempo e da própria utilização”.

Concluída essa fase será instalada a futura sede do Centro de Mar, no âmbito do Cluster do Conhecimento e da Economia do Mar. A estrutura inclui um Centro de Acolhimento, outro de Interpretação e ainda de um Centro de Documentação Marítimo. Espaços que serão criados “na zona dos porões e camarotes”.

O projecto, financiado por a fundos do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), vem ao encontro da aposta da autarquia de transformar Viana numa cidade náutica do Atlântico. Prevê, além de espaço de acolhimento de todos os que vierem visitar Viana, no âmbito de actividades organizadas, um espaço onde estará disponível o espólio cartográfico e documental do Gil Eannes, bem como dos aspectos da cultura costeira, nomeadamente da ribeira, que passará a ter um “touring cultural” associado ao turismo náutico e ao Turismo urbano.

O futuro Centro terá ainda em conta o mercado galego, estando a ser ultimadas parcerias no âmbito de programas transfronteiriços para integrar a rede de museus e centros de ciência da Galiza.

Actualmente, nos espaços museológicos do navio, o visitante é “transportado” para a década de 50/60, pela demonstração da prática da medicina naquela época, bem como, para a vida dos pescadores que durante seis meses pescavam nos mares da Terra Nova e Gronelândia o tão apreciado bacalhau, e para realidade da construção naval vianense.

O Gil Eannes está ainda dotado de um simulador de navegação com imagem visual de Viana do Castelo; alguns quiosques multimédia localizados no percurso de visita acedendo a registos fotográfico e documental sobre a história do navio e da pesca do bacalhau; salas de exposições e reuniões, loja de recordações e uma Pousada de Juventude, localizada nas antigas enfermarias, camarotes de médicos e enfermeiros, com capacidade de 65 camas.

Encerrada desde o primeiro dia de 2013 por decisão Governo a única pousada flutuante do país, a pousada deverá reabrir por altura da Páscoa. A certeza do autarca e presidente da Fundação que gere o navio. José Maria Costa adiantou que integrada ou não na rede da Movijovem, a pousada instalada a bordo do Gil Eannes deverá reiniciar actividade entre Março e Abril. O “plano B” como afirmou o responsável da fundação, passa por entregar a gestão da estrutura a um parceiro privado local.

José Maria Costa adiantou que a fundação “já recebeu uma proposta formal de uma empresa de hotelaria interessada em apostar na unidade”. O autarca justifica o interesse em manter a estrutura em funcionamento tendo em conta que o além de vir a acolher o Centro do Mar de Viana do Castelo, este ano, durante a Páscoa, a cidade irá ser palco de vários eventos náuticos internacionais, que aumentarão assim a sua atractividade.

A pousada flutuante instalada a bordo do Gil Eannes abriu portas em Agosto de 2003 e, até final de 2012, registou cerca de 40 mil dormidas. No entanto, este volume não era suficiente para cobrir “as despesas de funcionamento acrescidas pelo facto de estar num navio. A pousada já esteve para fechar portas o ano passado. Na altura, o encerramento foi evitado com um protocolo celebrado em Fevereiro 2012, com o qual o município adquiriu 25 mil euros em dormidas na rede da Movijovem.

Apesar da disponibilidade manifestada pelo município junto da secretaria de Estado do Desporto e da Juventude para a renovação do acordo a pousada fechou portas. O Governo garantiu uma decisão definitiva sobre a sua continuidade ou não durante este mês de Janeiro.

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