Procuradoria analisa caso do falso observador da ONU
Ministério Público tomará medidas "adequadas e convenientes". Artur Baptista da Silva incorre nos crimes de burla e usurpação de funções.
Questionada sobre se está prevista alguma diligência relativamente a Artur Baptista da Silva, uma vez que podem estar em causa crimes como os de usurpação de funções e burla, a porta-voz da PGR, Ana Lima, esclarece que a Procuradoria “está atenta, a analisar as notícias publicadas e a recolher elementos que complementem os que, de forma genérica, foram até ao momento divulgados”. “Oportunamente serão tomadas as medidas adequadas e convenientes”, refere a mesma responsável.
Um representante da ONU confirmou nesta quarta-feira oficialmente à agência Lusa que Artur Baptista da Silva não está ligado à instituição. E acrescentou que o logótipo que ele usou nos seus cartões-de-visita está desactualizado.
Artur Baptista da Silva deu várias entrevistas à comunicação social, apresentando-se como coordenador de um suposto Observatório Económico e Social criado no âmbito do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), informação que se veio a revelar falsa. Adam Rogers, responsável pelo gabinete de comunicação do PNUD em Genebra, afirma desconhecer o caso e confirma não existirem ligações entre o alegado economista e esta organização.
“O logótipo do cartão-de-visita [que o burlão apresentava nos seus contactos profissionais] já não é usado e o PNUD não desenvolve programas nos países da OCDE (organização que reúne essencialmente países desenvolvidos). Todos os nossos recursos são usados para promover os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio nos países em desenvolvimento”, acrescentou Adam Rogers.
Baptista da Silva, que afirmava ser também consultor do Banco Mundial e professor de Economia Social da Milton Wisconsin University, uma universidade que já não existe, participou também como orador convidado num debate organizado pelo International Club de Portugal sobre a crise europeia. A associação admite agora recorrer aos tribunais, caso se comprove ter sido enganada por um falso especialista.