“Eu estava convicto de que o pedido de imagens era sobre o incidente com o carro”, disse Vítor Gonçalves, no Parlamento, esta quarta-feira, sobre o pedido da PSP.

“No dia 14 de Novembro, por volta das 20h, a subdirectora de Produção, Ana Pitas, dirigiu-se ao grupo da direcção de Informação onde eu estava, na redacção, com a informação de que fora contactada pela PSP no sentido de contar com a colaboração da RTP no esclarecimento dos incidentes em frente ao Parlamento”, contou aos deputados da Comissão parlamentar de Ética.

“Esse pedido foi efectuado pouco depois de termos sido informados que uma equipa da RTP constituída por uma jornalista e um repórter de imagens tinha sido apanhada no meio dos confrontos”, especificou Vítor Gonçalves para justificar a associação de assuntos que fez naquele momento, em que estavam com a emissão do Telejornal no ar.

O ex-director adjunto disse também que não se recorda de ter ouvido Nuno Santos dizer que a PSP poderia ir visionar imagens à RTP que na terça-feira Ana Pitas descreveu como sendo a resposta do ex-director de Informação ao seu relato sobre o pedido da PSP. “Não me recordo de ouvir isso”, disse Vítor Gonçalves, que também afirmou não ter ouvido referências a que as imagens fossem vistas num sítio discreto, como Ana Pitas também referiu como indicação que lhe foi dada.


Vítor Gonçalves contou que recebeu quatro DVD (dois na quinta-feira, dia 15, e outros dois na tarde do dia seguinte), mas que não questionou o seu conteúdo. Só foi alertado pelo conselho de redacção para “um pedido de cópia extensa de imagens". "Aí assumi que este pedido devia estar relacionado com os DVD e retive-os.” Garantiu que os DVD foram guardados num local “inviolável” e que mais ninguém teve acesso a eles, pelo que não podem ter sido vistos ou copiados. Só foram destruídos pelo conselho de redacção.

Sobre o facto de terem sido pedidas as gravações das imagens com o logótipo da RTP disse ter falado com o responsável do arquivo que lhe explicou que "há alguns anos ficou decidido que, segundo o protocolo, todas as imagens da RTP que são pedidas tenham o 'logo' da RTP".

Questionado pelos deputados sobre o facto de o inquérito referir que Vítor Gonçalves e Nuno Santos apontaram outro director como responsável pelo caso, o ex-director adjunto garantiu não ter apontado qualquer nome no inquérito.