Caso RTP: PS chama Miguel Relvas ao Parlamento

Socialistas querem que ministro com a tutela da TV pública esclareça o que pensa do processo disciplinar ao ex-director de Informação.

 

O PS decidiu chamar o ministro Miguel Relvas ao Parlamento por causa da cedência de imagens da RTP à PSP, estranhando que só após Nuno Santos ter falado em “saneamento político” lhe tenham movido um processo disciplinar.

A deputada socialista Inês de Medeiros exprimiu, em declarações aos jornalistas no Parlamento, a “indignação” e “preocupação” do PS “em relação aos recentes acontecimentos” na TV pública, sublinhando que “nenhum ministro, muito menos o senhor ministro Miguel Relvas se pode escusar a tomar posição dizendo que esta é uma questão interna”.

Inês de Medeiros apontou o facto de ter havido uma “mudança evidente” na postura da administração da RTP depois de o ex-diretor de Informação Nuno Santos ter dito no Parlamento que foi vítima de um “saneamento político”. Esta sexta-feira, o ex-director de Informação foi informado de que fica a partir de agora “suspenso preventivamente a aguardar processo disciplinar para despedimento”.

A deputada lembrou o “inquérito sumário e duvidoso” instaurado pela administração que não mostrou interesse em ouvir o jornalista e só acabou por o fazer depois de muita insistência deste. O inquérito atribuiu “total responsabilidade” a Nuno Santos, mas “face à gravidade das acusações que pendiam sobre ele, a administração não considerou necessário instaurar um processo disciplinar”, o que é “de estranhar”, prosseguiu Inês de Medeiros.

Só “agora”, sublinhou, depois de Nuno Santos ter ido ao Parlamento dizer que se sentia “condicionado na sua liberdade editorial” e de ter “apresentado provas concretas, com a famosa ordem de serviço”, é que a administração da RTP avança com o processo disciplinar. “Há agora uma tentativa clara de condicionar futuros possíveis depoimentos nesta casa”, considerou Inês de Medeiros.

Questionada pelos jornalistas, a deputada do PS disse não querer “especular” sobre se a administração da RTP tomou esta atitude por sua iniciativa “ou se recebeu indicações diretas” do Governo, mas disse poder “constatar” alguns factos.

Entre eles, disse, está o de um assessor de Miguel Relvas ter afirmado que não quer continuar a ocupar-se da RTP – o PÚBLICO noticiou esta semana que o consultor político do ministro João Gonçalves pediu para deixar de ter a seu cargo o dossier da TV e rádio públicas por discordar da estratégia seguida pela administração nesta polémica.

Por outro lado, considerou que “desde a chegada ao poder deste Governo e destes famosos planos de reestruturação da RTP, que ninguém sabe o que é, que ninguém pediu”, a RTP “vive um verdadeiro pesadelo e isso é responsabilidade do senhor ministro Miguel Relvas”.