Califórnia proíbe terapias para “reparar” a homossexualidade
“Essas ‘terapias’, sem quaisquer bases científicas nem clínicas, têm empurrado jovens para a depressão e mesmo o suicídio, e são agora remetidas para o caixote das charlatanices”, frisou o governador Jerry Brown, em defesa da lei promulgada no sábado e que entra em vigor a 1 de Janeiro de 2013.
A nova legislação prevê que “nenhum prestador de assistência clínica mental” pode administrar a menores terapias que visem alterar a orientação sexual destes, incluindo quaisquer esforços para “mudar comportamentos ou formas de expressão do género, ou eliminar ou reduzir atracções e sentimentos de natureza sexual ou romântica em relação a indivíduos do mesmo sexo”.
Alguns terapeutas e líderes religiosos conservadores, defensores de métodos que dizem reduzir o “desejo homossexual”, manifestaram-se contra a aprovação desta lei. Consideram que a mesma é uma violação da liberdade de escolha individual. Argumentam ainda que tal medida irá levar mais pessoas “em busca de ajuda” junto de “amadores sem treino”, na tentativa de lutarem contra as atracções homossexuais.
Várias associações médicas e de psicólogos, assim como grupos de defesa dos direitos dos homossexuais, condenam veementemente aqueles métodos de “reparação” da orientação sexual. Em defesa da nova lei aprovada na Califórnia, antigos pacientes daquelas terapias descreveram as “cicatrizes emocionais” com que afirmam ter ficado ao serem obrigados pelos pais a submeterem-se àquelas terapias.
Ao longo das últimas três décadas, tem vindo a desenvolver-se uma teoria entre alguns psicólogos, a “terapia de reparação”, que interliga os desejos homossexuais em nexos de causalidade com sofrimentos experimentados na infância e, em alguns casos, a abusos sexuais sofridos enquanto criança. Estes psicólogos – que formaram uma associação médica em 1992, na Califórnia – dizem que, com tratamento adequado, milhares de pessoas conseguiram reduzir a sua atracção homossexual e fortalecer o seu desejo heterossexual.
Os métodos usados pelos terapeutas – e que têm vindo a ser adoptados por muitos líderes religiosos nas suas comunidades – são porém criticados por activistas homossexuais, apontando que esta terapia conduz a sentimentos de culpa, desesperança e raiva.