Noruega procura entendimento com indústria portuguesa do bacalhau

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Os portugueses são os maiores compradores do bacalhau norueguês, seguidos pelo Brasil Paulo Pimenta

“Convidei a Associação dos Industriais do Bacalhau para um almoço em Aveiro para discutir como é que podemos ter a certeza de que os polifosfatos não estão no bacalhau português”, referiu o embaixador, Ove Thorsheim, indicando que o encontro deverá ser “dentro de dias”.

A Noruega e a Dinamarca pediram permissão à União Europeia para utilizarem polifosfatos no bacalhau que é pescado, porque defendem que isso irá tornar o peixe mais branco em vez da sua tradicional tonalidade amarelada. O objectivo é agradar mais a alguns países europeus que são consumidores de bacalhau fresco.

Pelo contrário, em Portugal, onde o bacalhau mais consumido é o seco, os industriais do sector queixam-se de que os polifosfatos fazem com que o peixe retenha mais água e irão aumentar os custos que têm, podendo levar à falência de empresas, além de degradarem a qualidade do produto. O embaixador acredita que a proposta da Noruega e da Dinamarca poderá receber luz verde da União Europeia ainda durante o mês de Outubro.

A Associação dos Industriais do Bacalhau tem argumentado que a proposta apresentada pelos dois países visa especificamente o peixe de salga húmida com teor de sal superior a 18%, um produto que é exportado apenas para Portugal e não para outros países onde o bacalhau é consumido fresco. No caso de outros países, o teor de sal é muito inferior, têm defendido os responsáveis do sector, que receiam um aumento da transferência da actividade para empresas na Noruega.

Empresários visitam Islândia

A direcção da associação e representantes das principais empresas portuguesas do sector estão esta semana de visita à Islândia, concorrente da Noruega no sector do bacalhau e segundo maior fornecedor de bacalhau salgado verde a Portugal. O objectivo é "o reforço das relações comerciais entre a indústria pesqueira da Islândia a as empresas portuguesas de transformação do bacalhau", indicou recentemente a associação.

No entanto, o embaixador norueguês insistiu hoje que “não há qualquer razão para colocar polifosfatos no bacalhau que é exportado para Portugal”. Além do mais, argumenta, os portugueses são os maiores compradores do bacalhau norueguês – seguidos pelo Brasil e pelos próprios noruegueses – pelo que não têm qualquer interesse em alienar estes clientes. “Já exportamos peixe para Portugal há mais de 400 anos”, realçou.

O objectivo é chegarem a um entendimento com a associação portuguesa do sector ainda antes do Natal, “uma época muito importante” na exportação de bacalhau para Portugal. Thorsheim sublinhou ainda que a certificação ou um sistema semelhante iria penalizar as empresas norueguesas que não cumprissem as regras, uma vez que seriam acusadas de emissão de documentos falsos – e castigadas legalmente. Por outro lado, defendeu que devido ao grande número de fornecedores noruegueses deste peixe, caso uma das empresas não cumpra perderá rapidamente os clientes para a concorrência.

Já a associação portuguesa defende que os polifosfatos são muito difíceis de detectar e que esse é um processo demorado e trabalhoso.

Notícia actualizada às 18h30

Acrescentaram-se os argumentos da Associação dos Industriais de Bacalhau e informação sobre a visita desta semana à Islândia

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