Vencedor do prémio Composição da UNESCO em 1999 e do Prémio Pessoa em 2000, era uma das mais relevantes figuras da música contemporânea europeia, tendo dividido a sua vida entre Lisboa e Paris. Autor de uma vasta obra – que se divide entre ópera, coros e composições para diferentes instrumentos –, recebeu, em 1971, o Prémio de Estética Musical do Conservatório de Música de Paris, cidade onde passou a viver a partir de 1964, quando se exilou por oposição ao Estado Novo.
Foi ainda no final da década de 1980, com cerca de 15 ou 16 anos, que Pedro Amaral teve os primeiros contactos com Emmanuel Nunes, frequentando os seminários que dava na Gulbenkian. Pedro Amaral refere que já nessa idade tinha "muito clara" a ideia de que queria ser compositor e que "Emmanuel era de longe o mais importante daquele período" – tendo ambos em comum o facto de terem sido alunos de Fernando Lopes-Graça.
Dos seminários – e mais tarde das aulas Conservatório Superior de Paris, onde também foi aluno de Emmanuel Nunes – recorda sobretudo a capacidade do "mestre" de "atravessar várias partes da cultura e das artes criando, onde normalmente não se encontra, um fio condutor". "Tinha uma transversalidade de conhecimentos da cultura e da arte que lhe permitia beber na sua essência", acrescenta.
Sobre a sua obra, refere "a capacidade que tinha de estipular os limites do seu universo e linguagem musical" – uma influência vinda de Umberto Eco sobre "a ideia de que cada mensagem devir ter a chave do seu código". Esta programação prévia é um dos motivos que levam Pedro Amaral a definir Emmanuel Nunes como "um dos mais brilhantes e raros sucessores de [Karlheinz] Stockhausen", compositor alemão contemporâneo de Emmanuel.
Amaral reconhece, porém, que o compositor português estava longe de ser consensual, atribuindo tal facto à "relação ambígua que tinha com Portugal", de onde saiu para evitar as barreiras salazaristas, tendo sempre feito críticas duras ao caminho cultural que o país seguia e onde já não encontrava vestígios das grandes figuras do passado que sempre admirou. "Era um grande admirador de Camões e de Vieira da Silva", diz Pedro Amaral.
O maestro refere, ainda, que Emmanuel "delimitou muito o seu território estético", ficando sempre "ligado à utopia da revolução estética dos anos 1950", pelo que se sentia mais só e distante dos colegas que enveredaram por novos estilos. O que não o impediu de deixar "verdadeiras catedrais instrumentais" e de ser dos compositores que conseguiu levar "mais longe a reflexão sobre a música electrónica", que integrou em alguns trabalhos.