Quando se comemoraram os 35 anos da viagem de Armstrong

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O pé de Armstrong na lua AFP

Faz hoje 35 anos que o homem esteve na Lua pela primeira vez. A façanha pertenceu a Neil Armstrong e Edwtn Buzz Aldrin, que, após terem pousado com o módulo lunar Eagle no Mar da Tranquilidade, foram os primeiros humanos a aventurar-se pela superfície de outro corpo celeste.

Cumpria-se assim a promessa que o Presidente John F. Kennedy fez em Maio de 1961, no contexto da guerra fria, pouco depois de saber que a União Soviética tinha colocado o primeiro homem em órbita terrestre, luri Gagarin; os EUA iriam pôr um homem na Lua antes do fim da década de 60.

Isto apesar de então a experiência norte-americana de voo tripulado se resumir a 15 minutos.

Da missão que pós um homem na Lua, a Apoio 11, perdurou para sempre na memória colectiva a primeira pegada de Armstrong na poeira lunar acinzentada. Foi um acontecimento visto na televisão, em directo, por 700 milhões de pessoas em todo o mundo.

Aquela pegada ficou lá para a eternidade, já que a Lua não tem atmosfera e por isso não tem vento ou chuva. A bandeira das riscas e das estrelas a esvoaçar, embora à força, é outra das memórias. A falta de vento, houve que fingir que esvoaçava com um suporte, mas o pau da bandeira — cosida por uma portuguesa, Maria Isilda Ribeiro, na fábrica de bandeiras Annin, em New Jersey, onde trabalhava — não se conseguiu enterrar no solo. Acabou por tombar quando o Eagle abandonou a Lua ao encontro do módulo de comando e de serviço Columbia, onde ficou, em órbita lunar, o astronauta Míchael Collins.

As primeiras palavras na Lua de Armstrong, o comandante da missão, depois de ter descido as nove escadas do Eagle, são outra memória. "É um pequeno passo para o homem, um salto gigante para a humanidade." Aldrin lançou palavras pertinentes quando descia do Eagle e ia ter com Armstrong, embora não tão famosas. "Agora vou fechar parcialmente a escotilha; quero ter a certeza de que não ficamos trancados do lado de fora." "Ora aí está uma boa ideia!", disse-lhe Armstrong.

Nos EUA chegou a haver apostas sobre quais seriam as primeiras palavras de Armstrong. Havia quem garantisse que rezaria um Pai-Nosso, outros avançavam hipóteses mais pragmáticas: "Não está cá ninguém"; "E agora?"; "Onde é que vou espetar esta bandeira?" Nas 21 horas que ficaram na Lua, Armstrong e Aldrin recolheram 24 quilos de rochas.

Depois do regresso à Terra, foram recebidos como heróis.

Os EUA acabavam de ganhar a corrida à Lua aos soviéticos, que também tinham planos secretos para ir ao satélite da Terra, mas a guerra fria ainda prolongaria a corrida no espaço, em vez da colaboração, pelas duas potências mundiais. Era preciso rentabilizar o feito norte-americano, e Armstrong, Aldrin e Collins cumpriram um esgotante périplo pelo mundo: em 38 dias visitaram 23 países.

A Apoio 11 marcou o início das missões humanas à Lua. Houve mais cinco, que levaram lá, no total, 12 homens, que trouxeram mais de 380 quilos de rochas.

Dessa rocha, recolhida na missão Apoio 17 -em Dezembro de 1972, a última vez que o homem pôs os pés na Lua, no vale Taurus-Littrow —, nunca mais se soube o paradeiro.) O facto de os astronautas possuírem um veículo para se moverem na Lua partir da Apolo 15 ajudou bastante à recolha de rochas, além do transporte de equipamentos e permitir um maior afastamento do veículo de alunagem. Assim, o total da superfície percorrida passou de centenas de metros nas missões iniciais para dezenas de quilómetros na Apoio 15 e 16 e mais de uma centena na derradeira expedição à Lua.

Eugene Cernan, o comandante da Apoio 17, e o geólogo Harrison Schmitt, o único cientista a ir à Lua, foram os últimos humanos a pisá-la até hoje, Ron Evans esperou-os no módulo de comando e de serviço. No programa Apoio, os norte-americanos passaram um total de 18 dias e 11 horas em órbita em torno da Lua, dos quais 80 horas e 18 minutos sobre a superfície lunar.

Desde então, a Lua só foi visitada por sondas. Em Janeiro último, o Presidente George W.

Bush anunciou a intenção de os EUA voltarem a pôr astronautas na Lua, em 2015, com o objectivo de ir a Marte, em 2030. E a Agência Espacial Europeia prepara um programa de exploração do planeta vermelho que prevê a passagem pela Lua — o Aurora, no qual Portugal participa. Decidir-se-á no final do ano se o Aurora irá mesmo avançar. Será que a Lua, aqui tão perto, vai continuar tão longe?

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