Cidadãos Auto-Mobilizados aplaudem alterações ao trânsito no centro de Lisboa
Num comunicado divulgado nesta quinta-feira na sua página de Internet, a associação congratula-se com a “vontade de melhorar o espaço público” naquela zona, sublinhando que vem alertando “há mais de uma década” para as “graves situações de insegurança” nos dois locais.
A associação reconhece que no Marquês de Pombal – onde estão já em curso obras para criar duas rotundas concêntricas, separadas por uma zona verde e pedonal, com possibilidade de acesso dos peões à estátua – “os atravessamentos pedonais ficam um pouco mais fáceis e seguros” – ainda que “pouco confortáveis e directos”.
As alterações são “bem-vindas”, sobretudo considerando que o Marquês de Pombal é uma zona onde confluem diversos modos de transporte público. Mas não chegam, diz a associação cuja missão passa pela defesa dos direitos cívicos dos transeuntes, sejam eles condutores, passageiros ou peões.
A ACA-M critica o facto de os documentos disponíveis para consulta pública não mencionarem os tempos de sinalização verde nos semáforos para os diferentes modos de transporte, “nem as estimativas do aumento ou redução da eventual exposição dos peões ao ruído e gases nocivos”.
A associação sublinha que a proposta da autarquia vai resultar no aumento da circulação de veículos poluentes junto às fachadas dos edifícios. Além disso, refere, vai tornar “mais perigosas as saídas e entradas do Metro obrigando os passageiros a fazer sempre pelo menos um atravessamento viário”.
“Lamentamos que não tenha havido coragem para uma intervenção onde haja uma verdadeira inversão dos valores que tiveram origem no conceito original da rotunda”, afirma a ACA-M no comunicado, acrescentando que o projecto municipal é “pouco mais que uma gestão e optimização de tráfego rodoviário e não uma renovada visão de espaço público para esta parte da cidade”.
A associação considera ainda que a Avenida Joaquim António de Aguiar “continuará a ser um ‘esgoto’ de tráfego em direcção à cidade e a Avenida Fontes Pereira de Melo continuará com passeios de dimensão reduzida para a dimensão da avenida e quantidade de tráfego pedonal”.
Falta informação sobre outros meios de transporte
Sobre as alterações à circulação na Avenida da Liberdade, que serão testadas entre Setembro e Dezembro, a ACA-M aplaude a redução do número de faixas de rodagem no eixo central e a redução de estacionamento e da velocidade nas faixas laterais.
“É particularmente importante para a segurança e conforto do atravessamento dos peões a proposta de uma ilha central de resguardo do atravessamento do corredor central”, admite. Mas a associação crítica a falta de informação sobre outros meios de transporte além do automóvel.
“Os peões, as bicicletas e os transportes públicos são ignorados nos dados estatísticos apresentados e nem há qualquer indicação de como se movimentarão no espaço da avenida”, lamenta.
A ACA-M deixa ainda uma sugestão: “As laterais da Avenida da Liberdade poderiam ser um excelente projecto-piloto de uma via mista e partilhada com prioridade ao peão.”
A associação estranha ainda que apesar da vontade municipal de reduzir o tráfego motorizado nesta parte da cidade, a autarquia “continue a propor parques de estacionamento subterrâneos com centenas de lugares” para um local que é “talvez a zona do país melhor servida por transportes públicos e das mais poluídas da Europa”.