Pingo Doce abandona descontos de 50%, mas continuará com “política agressiva”
“Não queremos perder vendas (...). A prioridade é a venda, não é o lucro”, justificou, em entrevista à SIC Notícias, Alexandre Soares dos Santos, chairman do grupo proprietário da cadeia Pingo Doce.
Soares dos Santos – que afirmara não ter tido conhecimento antecipado desta campanha agressiva de descontos – adiantou que a campanha levada a cabo no feriado do Dia do Trabalhador destinou-se a recuperar “vendas perdidas” e rendeu 25 a 27 milhões de euros.
Contudo, frisou que o grupo “não vai repetir este tipo de promoções”, com o argumento de que são caras.
Um dia depois da campanha, a Jerónimo Martins assegurara que a “acção comercial” era uma das iniciativas do género previstas para este ano.
Confrontado com as declarações recentes da ministra da Agricultura, a propósito do caso, Soares dos Santos questionou quais são os “fornecedores que se queixam de que a Jerónimo Martins deu cabo deles”.
Assunção Cristas disse no sábado que seria preciso legislar para regular a relação contratual entre produtores e distribuidores, considerando “inadmissível” que descontos como os promovidos pelo Pingo Doce no feriado do 1.º de Maio sejam “imputados” aos produtores. Na quarta-feira, a maioria PSD-CDS no Parlamento rejeitou os requerimentos do Bloco de Esquerda e do PCP para que fossem ouvidos na Assembleia da República o ministro da Economia e a da Agricultura, a propósito deste assunto.
O presidente do grupo Jerónimo Martins alegou que na campanha não houve prática de “dumping” (venda a preço inferior ao do custo), embora tenha admitido que possa ter havido “um ou outro preço errado” em 16.000 referências de produtos.
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) concluiu ter havido ilegalidades na campanha promocional do Pingo Doce e entregou o processo à Autoridade da Concorrência.
O Pingo Doce optou por abrir as lojas no feriado do Dia do Trabalhador e deu descontos de 50% aos clientes que faziam compras superiores a 100 euros. A acção promocional gerou uma autêntica corrida às lojas desta cadeia, provocando, nalguns casos, desacatos e agressões, que levaram à intervenção da PSP, que registou 40 ocorrências em Lisboa e no Porto, com dois feridos ligeiros.